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Os anos 60 estão de volta — mas a que custo?

O escritor britânico Philip Norman, conhecido por suas biografias dos Beatles, escreveu um artigo interessante na revista New Statesman sobre o sazonal interesse nos anos 60. Ele cita uma exposição em Londres, um documentário novo sobre os Beatles e uma série de livros recém-lançados para concluir que aquele período tem fascinado a geração que se tornou […]

Por Diogo Schelp Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 30 jul 2020, 21h41 - Publicado em 1 out 2016, 08h22
Bardot

Brigitte Bardot em 1969, na Itália

O escritor britânico Philip Norman, conhecido por suas biografias dos Beatles, escreveu um artigo interessante na revista New Statesman sobre o sazonal interesse nos anos 60. Ele cita uma exposição em Londres, um documentário novo sobre os Beatles e uma série de livros recém-lançados para concluir que aquele período tem fascinado a geração que se tornou adulta neste milênio. Nada que já não tenha acontecido antes. Desde a metade dos anos 80, diz Norman, anuncia-se de tempos em tempos que “os anos 60 estão de volta” — na moda e na cultura, principalmente.

Apesar de focar na experiência britânica daquela década, Norman faz uma observação que vale também para o Brasil: o fascínio da nova geração pelos anos 60 é um fenômeno de “nostalgia sem memória” ou mesmo de “inveja sem memória”. Ou seja, alimenta-se uma noção idealizada daquele período que, em muitos pontos, não condiz com a realidade.

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No artigo, Norman enumera as coisas boas daquele período (como eu já ressaltei, ele o faz quase sempre do ponto de vista britânico) e também as ruins, que muitas vezes são esquecidas. Entre as boas: um florescimento da liberdade e da tolerância, a popularização da pílula contraceptiva, o fim da censura no teatro (ele está falando da Inglaterra, lembre-se!), a descriminalização do homossexualismo e a emergência do feminismo. Entre as ruins: a profusão de greves trabalhistas, a repressão a um movimento democrático na Checoslováquia comunista, os horrores da Revolução Cultural na China, o apartheid na África do Sul, a fome na Índia e a ameaça de destruição nuclear mútua entre URSS e EUA. Sobre a radicalização das ideologias de esquerda e os protestos populares que se acentuaram mais para o final da década, Norman faz uma observação curiosa: na Inglaterra, as manifestações e a militância cada vez mais extremada quase não encontravam razão de ser, pois os britânicos não tinham contra o que protestar. (O motivo mais citado, a Guerra do Vietnã, não tinha a participação britânica.)

Lembra muito a insistência de uma parcela da população brasileira em estabelecer paralelos entre a atual realidade política e a dos anos 60, quando houve o golpe militar. Como, do ponto de vista dos fatos, são episódios absolutamente diferentes, fica a impressão de que o que existe de fato é um desejo, pelo menos de uma parte da geração atual (os chamados millennials), de ter vivido o período da ditadura apenas para ter tido motivo para se revoltar contra alguma coisa.

É uma nostalgia sem memória. Se soubessem como é viver de fato sob uma ditadura, não teriam esse desejo mal dissimulado.

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