Telefónica mira AL e Europa como forma de proteção
Companhia quer se desprender o quanto puder do país-sede, que encarece seu financiamento de dívida
A espanhola Telefónica, uma das empresas mais endividadas do mundo, poderá estabelecer uma unidade na América Latina e outra na Europa para se proteger de uma piora nos problemas econômicos da Espanha. A companhia busca uma série de medidas para reduzir sua dívida e diminuir sua atuação no país-sede, movimentos que já facilitaram o financiamento nas últimas semanas.
No entanto, isso não eliminou as especulações de que a companhia possa se retirar totalmente da Espanha. O diretor-financeiro, Angel Vila, descartou planos para deixar o país, mas sugeriu que há outras formas de separar os negócios na Europa das operações saudáveis na América Latina.
“Existem meios, sem mudar o domicílio, de mover estruturalmente o grupo de forma a minimizar a questão de onde a empresa está sediada”, afirmou Vila em entrevista ao The Wall Street Journal. Sem dar maiores detalhes, Vila disse gostar do arranjo pelo qual a britânica Vodafone Group detém 45% na norte-americana Verizon Communications. Tendo em vista o declínio na Europa, a Vodafone se tornou cada vez mais dependente do crescimento da joint venture nos EUA.
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Fatiado – A companhia está pensando em uma possível oferta pública inicial (IPO, na sigla em inglês) dos negócios na América Latina, embora uma oferta dificilmente será feita antes do fim do ano. Antes disso, a Telefónica fará em um IPO de ações de sua divisão na Alemanha. Uma fatia de 23% da subsidiária será vendida no maior IPO da Europa neste ano, possivelmente gerando 1,5 bilhão de euros para a empresa.
Segundo Vila, esses movimentos construirão um “muro de proteção” em torno da empresa no caso de uma piora da crise na zona do euro. Após o IPO, a Telefónica poderá levantar capital por meio da unidade na Alemanha, onde as taxas de juros são bem mais baixas do que na Espanha.
Ser espanhola dificulta e encarece o financiamento de 58 bilhões de euros (75 bilhões de dólares) em dívida. Em setembro, a empresa pagou taxas de juros cinco vezes mais altas do que a France Telecom para vender seus bônus. O colapso econômico da Espanha, mercado que responde por um terço do lucro operacional da companhia, torna ainda mais pesado o ônus da dívida.
(com Agência Estado)