Sindicatos nacionais se mobilizam contra McDonald’s
Grupo de entidades sindicais acusa franqueadora da rede americana no país de desrespeitar a legislação trabalhista com objetivo de reduzir custos
Um grupo de entidades sindicais, que tem o apoio da CUT e da UGT (União Nacional dos Trabalhadores), protocolou, ontem, na Justiça do Trabalho, em Brasília, uma ação civil pública contra a rede de fast-food McDonald’�s no Brasil por violação de direitos trabalhistas. Os sindicalistas acusam a Arcos Dorados, maior franqueadora do McDonald�’s na América Latina, de praticar “dumping social”, por desrespeitar a legislação trabalhista com objetivo de reduzir custos e oferecer preços mais competitivos que os da concorrência. Além disso, pedem que a rede fique proibida de abrir novas unidades caso continue a cometer irregularidades.
Com o apoio informal da americana União Internacional dos Empregados em Serviços (Seiu, na sigla em inglês), a ação movida contra a rede de fast-food, que emprega quase 48 mil pessoas no Brasil, vai além da questão salarial e incluiu acusações de acúmulo e desvio de funções; fraude nos controles de ponto; não recolhimento do FGTS e prática de “jornada móvel de trabalho”, em que o empregado fica mais de oito horas à disposição da empresa. Em nota, a assessoria de imprensa do McDonald’�s informou apenas que a empresa ainda não foi notificada.
Essa é a primeira mobilização nacional contra a rede de fast-food no país, mas, regionalmente, a empresa já vem enfrentando processos. O mais emblemático terminou em março de 2013 com a decisão da Justiça de Pernambuco que obrigou a rede a pagar uma indenização de 7,5 milhões de reais por dano moral coletivo. A empresa foi acionada, na ocasião, por obrigar funcionários a fazer a jornada móvel e consumir apenas lanches do McDonald�’s no horário das refeições.
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Estados Unidos – A ofensiva dos sindicatos brasileiros ocorre num momento em que a matriz americana vem sendo pressionada por ativistas a aumentar a remuneração de seus funcionários e seguir o exemplo de grandes varejistas, como o Walmart, que decidiram pagar mais que o salário mínimo vigente nos Estados Unidos. A rede varejista anunciou que iria aumentar os salários de meio milhão de funcionários para 9 dóalres por hora até abril e 10 dólares por hora até fevereiro do ano que vem, a um custo total de 1 bilhão de dólares.
O McDonald�’s tem resistido à mudança. Em seus relatórios financeiros, a empresa alega que são seus franqueados os responsáveis pelas condições de trabalho e não a matriz. “O impacto de campanhas de organizações e de ativistas sindicais no sentido de promover percepções adversas em nossas marcas pode comprometer a capacidade da empresa de aumentar seus lucros e faturamento”, disse a companhia em documento enviado recentemente à Securities and Exchange Commission (SEC), agência reguladora do mercado de capitais americano. No quarto trimestre de 2014, a companhia registrou queda de 21% no lucro.
(Com Estadão Conteúdo)