Oposição ataca intenção do governo de aumentar impostos por decreto
Para diminuir o rombo do Orçamento, Planalto estuda elevar a alíquota de tributos que não precisam da aprovação do Congresso, como Cide e IOF
Lideranças da oposição reagiram nesta terça-feira à possibilidade de a área econômica do governo recorrer ao aumento de alíquotas de tributos que não precisam de aprovação do Congresso para tentar reduzir o rombo no Orçamento da União. Para essas lideranças, um decreto presidencial, se for levado adiante, demonstra o autoritarismo de um governo que está perdido. Os oposicionistas podem até tentar anular a medida por meio da aprovação, no Congresso, de uma proposta de decreto legislativo.
Nessa lista de potenciais aumentos estão a Contribuições de Intervenção no Domínio Econômico (Cide), que incide sobre combustíveis, o Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) e o sobre Operações Financeiras (IOF).
O líder da oposição no Senado, Alvaro Dias (PSDB-PR), disse que, se isso ocorrer, vai apresentar um projeto de decreto legislativo para sustar os efeitos da elevação de impostos. Segundo ele, o governo já usou esse expediente em janeiro de 2008, quando aumentou, por meio de decreto, alíquotas do IOF para compensar a perda de arrecadação com a derrubada da Contribuição Provisória sobre Movimentações Financeiras (CPMF) no fim do ano anterior.
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“Nós devemos, na medida que o governo mude por decreto, usar o que dispomos para se contrapor a isso”, afirmou Dias. O senador tucano lembrou que, na época do decreto que elevou o IOF, apresentou um projeto para sustar seus efeitos, mas ele não prosperou no Legislativo. Ele espera que, dessa vez, com as dificuldades que o governo tem na base aliada, um projeto com esse teor seja aprovado pelo Congresso.
O líder do DEM no Senado, Ronaldo Caiado (GO), disse que é “sinal de desespero” o Executivo querer aumentar impostos por decreto. “O governo não se entende mais, está esfacelado politicamente e sem apoio popular e tenta esses artifícios para aumentar impostos, primeiro era com a nova CPMF que depois recuou e agora vem com essas contribuições”, criticou.
Caiado, entretanto, disse que é preciso discutir uma estratégia da oposição para haver consequência, caso o governo efetivamente aumente impostos via decreto. Segundo ele, se o PMDB estiver apoiando uma iniciativa como essas, a oposição terá que ser mais articulada antes de tomar uma decisão conjunta.
(Com Estadão Conteúdo)