Mercado testa disposição do BC e dólar cai a R$ 2,20
Autoridade monetária continua executando leilões de swap cambial com o objetivo de combater a alta da moeda americana
O dólar fechou em queda pelo terceiro dia consecutivo, com investidores aproveitando a depreciação nos mercados globais para testar a tolerância do Banco Central brasileiro a cotações mais baixas, mas a divisa não encontrou força suficiente para terminar o dia abaixo de 2,20 reais.
Especialistas avaliam que a moeda norte-americana deve ficar abaixo desse patamar no curto prazo, trazendo alívio adicional à inflação, mas a expectativa é que, mesmo assim, esse movimento não deve se sustentar no médio prazo.
Leia também:
Dólar cai a R$ 2,22, menor nível em seis meses
Após rebaixamento, Bolsa sobe 5% e dólar tem maior queda em 6 meses
O dólar perdeu 0,77%, a 2,2030 reais na venda, acumulando baixa de 3,48% só nas últimas três sessões e de 6,55% no ano, anulando boa parte da alta de 15% no ano passado.
Na mínima do dia, a moeda norte-americana bateu 2,1937 reais na venda. Segundo dados da BM&F, o giro financeiro nesta sessão ficou em torno de 1,8 bilhão de dólares. “A queda do dólar abaixo dos patamares atuais tem seu preço. Produtos importados voltam a ganhar atratividade e a competitividade dos produtos brasileiros perde força, piorando a balança e deixando a indústria menos atrativa”, escreveram analistas da Lerosa Investimentos em relatório. Alguns analistas acreditam que as cotações mais baixas poderiam desagradar o governo, pois apesar de ajudarem no combate à inflação, prejudicam as exportações.
A divisa dos EUA tem se firmado recentemente em trajetória de queda em relação ao real, diante de expectativas de ingresso de recursos externos na economia brasileira atrás de maiores rendimentos, do humor global mais positivo sobre mercados emergentes e da constante intervenção do BC no câmbio.
A queda nas intenções de voto da presidente Dilma Rousseff em pesquisa divulgada no fim de semana, num momento em que os mercados mostram-se céticos com a condução da política econômica doméstica, trouxe mais fôlego a esse viés.
Expectativas de que a China pode adotar estímulos para impulsionar sua economia, atualmente em desaceleração, também ajudaram o dólar a perder força contra moedas emergentes nesta sessão. Frente a uma cesta de divisas, o dólar recuava cerca de 0,6%. “Nesse curto prazo, a gente pode ver o dólar rompendo 2,20 reais e testando níveis mais baixos. Mas não vejo um humor tão bom para a gente manter esse dólar abaixo desse patamar no médio prazo”, disse o gerente de operações do banco Confidence, Felipe Pellegrini.
Apesar das fortes quedas do dólar, o BC brasileiro continuou atuando no mercado, alimentando ainda mais o movimento de baixa. Pela manhã, deu continuidade às ofertas diárias, vendendo 4 mil swaps cambiais – operação que equivale à venda futura de dólares. Foram 2,5 mil contratos para 1º de dezembro deste ano e 1,5 mil para 2 de março de 2015, com volume equivalente a 198 milhões de dólares.
Após o fechamento dos mercados, o BC anunciou novo leilão para o dia seguinte nas mesmas condições: até 4 mil swaps com vencimento em 1º de dezembro deste ano e 2 de março de 2015.
No período da tarde, o BC também vendeu a oferta total em leilão para rolagem dos swaps que vencem em 2 de maio. No total, a autoridade monetária já rolou 17% do lote para o próximo mês – o equivalente a 8,733 bilhões de dólares.
Para esta quarta, haverá nova oferta de até 10 mil contratos, com vencimentos em 2 de janeiro e 1º de abril de 2015.
(Com Reuters)