Mercado reduz projeções de juros e sobe as de inflação
Ajustes ocorrem após decisão de baixar Selic em 0,75 ponto porcentual na última reunião do Copom; juros devem encerrar 2012 em 9% e IPCA em 5,27%
Corte agressivo dos juros pelo BC refletiu-se em uma projeção maior para o PIB de 2013, que agora aponta alta de 4,20%
Esforços do governo em conter a valorização do real não convenceram, por ora, o mercado; projeções seguem intactas em 1,75 real para 2012 e 2013
Os economistas ouvidos pelo Banco Central (BC) na pesquisa Focus reduziram as estimativas para os juros básicos neste ano e no próximo. Trata-se de uma reação já esperada ante a perspectiva de um afrouxamento mais intenso da política monetária, que ficou evidente na última decisão do BC de reduzir a Selic em 0,75 ponto porcentual, para 9,75% ao ano. Diante da decisão avaliada como polêmica, o mercado financeiro já eleva as projeções de inflação. Os ajustes na Focus atingiram tanto as estimativas para este ano, que vinham se mantendo estáveis, quanto as relativas ao Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de 2013.
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Juros – O mercado trabalha agora com a previsão de uma Selic de 9% em dezembro de 2012 e de 10% para o final de 2013. Na semana passada, os economistas antecipavam juros básicos de, respectivamente, 9,5% e 10,5% para cada período.
A expectativa para abril, curiosamente, não foi alterada e analistas mantiveram a expectativa de que o juro cairá para 9,5%, previsão mantida há cinco semanas e que sinalizaria um corte residual de 0,25 ponto porcentual no encontro do próximo mês. Porém, é provável que essa previsão seja revisada nesta semana, após a divulgação da ata nesta quinta-feira.
Com a estimativa de 10% para o fim de 2013, o mercado mantém a análise de que, mesmo com o BC mais agressivo nos cortes do juro, o aumento da inflação projetado pelos analistas deverá obrigar a autoridade monetária a subir a Selic em algum momento do próximo ano para conter os preços.
A pesquisa Focus mostra, ainda, que a estimativa para a Selic média em 2012 caiu de 9,69% para 9,38%. Para 2013, a previsão recuou de uma média 10,23% para 10%. Há um mês, analistas apostavam em Selic média de 9,69% e 10,5%, respectivamente.
Inflação – As projeções de inflação subiram com força. Para este ano, os economistas fixaram a projeção do IPCA em 5,27%, contra os 5,24% do relatório anterior. O prognóstico para 2013 subiu de maneira ainda mais expressiva. A nova estimativa é de 5,50%, ante 5,20%. Há um mês, analistas esperavam inflação de 5,29% em 2012 e 5% em 2013.
A projeção suavizada para os próximos doze meses também subiu e passou de 5,31% para 5,36%, na terceira alta seguida. Há quatro semanas, a estimativa era de 5,30%.
No grupo dos analistas que mais acertam as projeções na pesquisa Focus, o chamado top 5, a mediana das expectativas para 2012, no cenário de médio prazo, subiu de 5,12% para 5,30%. Para 2013, porém, o número recuou de 5,02% para 5%. Quatro semanas antes, esse grupo esperava de 5,37% em 2012 e 4,88% em 2013.
Entre todos os analistas ouvidos pelo BC, a previsão para o IPCA em março manteve-se em 0,45% pela terceira semana seguida. Para abril, a expectativa subiu de 0,49% para 0,50%, na segunda alta seguida. Há quatro semanas, o mercado esperava altas de 0,46% e 0,48%, respectivamente.
PIB – Ainda como uma reação esperada após o corte da Selic, a expectativa de crescimento da economia aumentou. De acordo com o levantamento, a taxa Selic menor não afetou a previsão para a expansão do PIB de 2012, que seguiu pela quinta semana em 3,30%, mas já influenciou a projeção para 2013, que subiu de 4,15% para 4,20% na segunda alta seguida. Há um mês, este número estava em 4,10%.
O levantamento semanal mostra também que a mediana das expectativas para o crescimento da produção industrial em 2012 caiu significativamente após a divulgação de números desfavoráveis do setor na semana passada. Para 2012, a previsão de crescimento caiu de 2,77% para 2,27%. Quatro semanas antes, economistas trabalhavam com crescimento de 2,70%. Para 2013, a expectativa de avanço do setor industrial seguiu em 4,20%, ante 4% de um mês antes.
Analistas aumentaram a previsão para o indicador que mede a relação entre a dívida líquida do setor público e o PIB. Para este ano, a estimativa para o indicador subiu de 36% para 36,20%. Para 2013, a expectativa avançou ligeiramente, de 34,60% para 34,65%. Há quatro semanas, as projeções estavam em, respectivamente, 36,90% e 35,50% do PIB para cada um dos dois anos.
Câmbio – O mercado financeiro manteve as projeções para o dólar no fim de 2012 e de 2013. De acordo com o Focus, as previsões para a taxa de câmbio no fim de 2012 e no fim de 2013 foram mantidas em 1,75 real. A estimativa para o dólar no fim deste ano foi repetida pela quinta pesquisa seguida. Para 2013, a aposta segue inalterada há 14 semanas.
Para o câmbio médio, a previsão para 2012 subiu um centavo, de 1,73 real para 1,74 real. Há um mês, analistas previam média de 1,75 real em 2012. Para 2013, contudo, a expectativa de câmbio médio no decorrer do ano foi mantida em 1,75 real pela décima semana seguida.
(Com Agência Estado)