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‘Maior transparência pode ajudar a combater a corrupção’, diz Piketty

Em visita ao Brasil, economista francês reforçou a defesa de que o país precisa divulgar dados mais completos sobre a renda

Por Da Redação
26 nov 2014, 15h43

Em visita ao Brasil, o economista francês Thomas Piketty, autor do livro O Capital no Século XXI e professor da Escola de Economia de Paris, afirmou que se o governo der maior transparência a dados tributários no Brasil, será mais fácil combater a corrupção. “Mais transparência será positivo para o país, inclusive no sentido de aumentar os mecanismos de controle institucionais que ajudarão a combater problemas sérios, como a corrupção”, disse.

A estudantes da Faculdade de Economia e Administração da Universidade de São Paulo (USP), ele reforçou a ideia de que a desigualdade é subestimada no Brasil, sobretudo devido à dificuldade de acesso a dados disponíveis pela Receita Federal. “Como em outros países, o Brasil precisa de mais transparência sobre renda e riqueza. Impostos progressivos poderiam ser poderosos instrumentos de informação sobre distribuição de riqueza no país”, disse.

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O economista destacou pontos de seu livro, que estuda a dinâmica da renda e distribuição de riqueza desde o século XVII em 20 países, com dados coletados nos últimos 15 anos por 30 pesquisadores. Além de avaliações históricas, ele fez alguns comentários sobre o agravamento da má distribuição de renda em nível global nos últimos anos. “A má distribuição de renda pelo mundo está vinculada ao frágil sistema financeiro internacional”, destacou. “E isto está também relacionado com pobres instituições em educação, governança corporativa e mercado de trabalho. Educação inclusiva e impostos progressivos são bons mecanismos para melhorar a distribuição de renda”, acrescentou.

Piketty tentou colocar o Brasil em sua pesquisa, mas não obteve sucesso. Em maio deste ano, quando a obra se tornou um best-seller, o economista disse, em entrevista a VEJA, que o governo brasileiro havia retomado o contato e decidira enviar os dados. Quatro meses se passaram e o economista nada recebeu. “O governo prometeu dar acesso aos dados de imposto, mas, infelizmente, nada foi entregue até agora. Como consequência, não pude incluir o Brasil em nossa base de dados. Espero que essa situação mude. Afinal, é importante dar mais transparência aos dados de desigualdade, especialmente num país onde ela é tão presente, como o Brasil”, afirmou, à época.

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Ocorre que, ao tomar conhecimento do método de Piketty, que avalia a concentração de renda e a desigualdade com base em informações tributárias enviadas pelos contribuintes à Receita, o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) iniciou, em meados de junho, uma pesquisa semelhante. Os dados apurados não são lá os mais animadores para o governo, pois apontam que os 5% mais endinheirados do Brasil aumentaram sua participação no bolo da distribuição de renda: ela passou de 40% em 2006 para 44% em 2012. Desta forma, há indícios de que a concentração de renda tenha aumentado nos últimos anos, e não o contrário.

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O estudo feito por pesquisadores do Ipea está pronto desde agosto, mas sem previsão de divulgação. A base para a tese de Piketty sobre a desigualdade é a relação r>g , segundo a qual a renda sobre o capital (r) é sempre maior que o crescimento econômico (g). Partindo dessa fórmula simples, o francês constata que não há como escapar do aumento da desigualdade, já que a renda sobre o capital sempre crescerá num ritmo mais rápido que o crescimento econômico. Na prática, Piketty quer mostrar que aqueles que já possuem um patrimônio, seja por herança, investimentos ou bônus, tendem a enriquecer de forma mais rápida do que os que ganham sua renda por meio do trabalho.

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