Juros da dívida portuguesa superam os 20% pela 1ª vez
Além de Portugal, títulos dos tesouros espanhol e italiano alcançaram níveis recordes desde a criação da zona do euro
O pacote de ajuda não arrefeceu a pressão sobre os mercados em Portugal
Os juros da dívida soberana de Portugal voltaram a disparar nesta segunda-feira, especialmente os títulos de dois anos, que superaram pela primeira vez a barreira de 20% de juro. As obrigações do país para 2013 eram cotadas a 20,3%, quase um ponto porcentual acima do verificado nesta sexta-feira, quando era pago em média 19,37%, o que situava a diferença com relação ao bônus alemão em 1.844 pontos básicos.
A mesma tendência de alta se verificava na dívida portuguesa para três anos, que no mercado secundário – onde são comprados e vendidos os títulos adquiridos nas emissões públicas feitas pelos estados – era negociada com 21,2% de juro, um recorde desde a entrada em vigor do euro.
A pressão dos mercados não arrefeceu como se previa em Portugal quando do acordo firmado junto à União Europeia e ao Fundo Monetário Internacional (FMI) em maio para receber um pacote de ajuda, e que representará uma injeção de 78 bilhões de euros por meio de empréstimos para os próximos três anos.
Os investidores e as agências de classificação desconfiam da capacidade do país em cumprir com os objetivos pactuados com os organismos internacionais – principalmente o déficit público, que precisaria reduzir em mais de três pontos percentuais, até 5,9% do Produto Interno Bruto (PIB).
De fato, o reconhecimento neste domingo por parte do Poder Executivo de que existe um buraco de 2 bilhões de euros nas contas públicas voltou a dar motivos aos céticos. O novo primeiro-ministro, Pedro Passos Coelho, destacou que metade do “desvio” será coberta pelo imposto sobre o salário, e os outros 50% deverá proceder de um corte mais profundo do gasto público previsto inicialmente.
Itália e Espanha – A incerteza que ainda existe na Europa sobre o segundo resgate da Grécia preocupa nesta segunda-feira os investidores, que voltaram a aumentar a pressão sobre os países. Os títulos da dívida espanhola e italiana a dez anos alcançaram um novo recorde nesta segunda-feira. Os juros dos títulos da dívida da Espanha para dez anos superaram 6%: para 6,296%. Já os cobrado para os bônus da Itália situaram-se em 6,006%. Trata-se do nível mais alto em ambos os casos desde a criação da zona do euro.
(com EFE e Agence France-Presse)