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Inflação e dólar fazem Copom elevar Selic para 9% ao ano

Decisão foi unânime e já era esperada pelo mercado; alta do dólar deve impactar preços do mercado doméstico

Por Da Redação
28 ago 2013, 19h43

O Comitê de Política Monetária do Banco Central (Copom) aumentou em 0,50 ponto porcentual, para 9% ao ano, a taxa básica de juros (Selic) nesta quarta-feira, em decisão unânime, sem viés – ou seja, a decisão é válida até o próximo encontro em outubro. Trata-se da quarta elevação consecutiva do juro básico da economia neste ano. A trajetória de alta teve início em abril, quando a autoridade monetária subiu a Selic de 7,25% (mínima histórica) para 7,5%. A decisão não surpreendeu o mercado financeiro, que apostava de forma quase unânime no aumento de 0,50 ponto.

No comunicado que acompanhou a decisão, o BC reafirmou que a inflação constitui um risco para a economia. “O comitê avalia que essa decisão contribuirá para colocar a inflação em declínio e assegurar que essa tendência persista no próximo ano”.

Votaram por essa decisão o presidente do BC, Alexandre Tombini, e os diretores Aldo Luiz Mendes, Altamir Lopes, Anthero de Moraes Meirelles, Carlos Hamilton Vasconcelos Araújo, Luiz Awazu Pereira da Silva, Luiz Edson Feltrim e Sidnei Corrêa Marques.

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A subida da Selic é motivada pelo alto patamar inflacionário – e, mais recentemente, a valorização do dólar. A prévia da inflação de agosto, medida pelo IPCA-15, indica alta de 0,16% no mês, e de 6,15% no acumulado dos últimos doze meses. Apesar de o número apontar para desaceleração, o IPCA continua próximo do teto da meta. Muitos analistas atribuem ao controle de preços de alguns produtos, como combustíveis, a manutenção da inflação ainda abaixo de 6,5%. Ou seja, sem tais controles, o índice poderia facilmente extrapolar a meta.

Outro fator macroeconômico levado em conta pelo Copom é a alta do dólar, que deverá ter reflexos nos preços do mercado doméstico em breve. Produtos de primeira necessidade, como o trigo, já subiram devido à alta da moeda americana. O petróleo também fechou em alta, a 116,31 dólares o barril, devido às incertezas sobre a ofensiva militar que poderá chegar à Síria. Por enquanto, tais aumentos não estão sendo repassados ao consumidor e são absorvidos pela Petrobras. Como resultado, segundo análise do Itaú Unibanco, a estatal vai aumentar em 900 milhões de reais por mês seus gastos com importação de combustível, caso não haja repasse de preços.

A subida dos juros é a ferramenta mais ortodoxa do Banco Central para combater a inflação porque encarece o crédito e desacelera a demanda. A medida provoca efeitos na economia num prazo de seis meses após a elevação da taxa – o efeito não é automático. Com a desaceleração da demanda, os preços tendem a se estabilizar. Mas a economia é penalizada, porque cresce menos. A alta do dólar dificulta a atuação do BC porque impacta os preços dos insumos importados que são comprados pela indústria de transformação e pelo setor agrícola. Assim, faz com que a alta da inflação se intensifique, já que o setor produtivo repassa parte ou a totalidade dos gastos com a importação de produtos.

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O dólar chegou a ser cotado a 2,45 reais na semana passada, acumulando alta de 20% no ano. A disparada fez com que o Banco Central preparasse uma ofensiva de 100 bilhões de dólares para tentar conter a valorização da moeda. Para acalmar o mercado, o BC divulgou até mesmo um cronograma avisando que ofertaria 500 milhões dólares no mercado, diariamente, até o final deste ano. Nesta quarta-feira, a moeda fechou cotada a 2,34 reais.

O mercado elogiou as medidas do BC, mesmo que a alta do dólar se deva, em grande parte, a fatores externos – em especial ao fim dos estímulos monetários executados pelo Federal Reserve (Fed, o banco central americano) desde a crise de 2008. “O BC atuou de maneira correta no câmbio. A verdadeira ação foi na estratégia de comunicação, e não nos volumes. Ao anunciar formalmente os volumes e datas onde entrará no mercado oferecendo dólares, o BC se junta a outros bancos centrais que usam deste expediente para coordenar certas variáveis”, afirma André Perfeito, economista-chefe da Gradual Investimentos.

Antes de intervir no câmbio, a autoridade monetária vinha sendo criticada pelo mercado por não ter uma estratégia bem desenhada de atuação num momento em que todas as moedas dos países emergentes eram penalizadas em relação ao dólar. A valorização da moeda americana ocorreu porque muitos investidores desmontaram suas posições em mercados emergentes e levaram seus dólares para os Estados Unidos, sobretudo para aplicações em títulos do Tesouro americano, cujos rendimentos são atrelados à taxa de juros, que está próxima de zero desde a crise.

Esses papéis são considerados o investimento mais seguro do mundo – e a simples possibilidade de o Fed retirar os estímulos monetários fez com que o mercado acreditasse que o próximo passo seria a subida dos juros para patamares próximos do período pré-crise, o que melhoraria a rentabilidade dos títulos do Tesouro. A saída maciça de investidores dos emergentes fez com que o mercado subisse suas estimativas para o câmbio ao final deste ano para 2,38 reais. Uma semana antes, essas expectativas estavam em 2,32 reais.

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Segundo relatório do Itaú Unibanco enviado a investidores, a forte atuação do BC no mercado de câmbio indica que a autoridade não aumentará o ritmo de elevação dos juros para conter a alta do dólar. “O BC deve seguir aumentando juros nas reuniões de outubro e novembro, fechando o ano com a Selic a 9,75%”, informa o documento. A ata da última reunião do Copom, realizada em julho, também sinalizou que os juros continuariam subindo este ano.

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