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Governo tem R$ 20 bi em dívidas não contabilizadas

Para economista, a conta dos pagamentos com juros subsidiados é mais um exemplo da perda de transparência na política fiscal

Por Da Redação
7 jan 2013, 08h33

O governo tem dívidas de pelo menos 20 bilhões de reais que não aparecem na contabilidade da dívida líquida – nem da bruta. O valor é a soma dos subsídios das taxas de juros do Programa de Sustentação do Investimento (PSI), do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e do programa de construção de casas populares Minha Casa, Minha Vida. Para tornar seus projetos atrativos, o governo utiliza uma taxa de juro menor do que a praticada pelo mercado. No entanto, o Tesouro Nacional precisa pagar a diferença. É justamente a equalização entre os diferentes juros que criou esse montante bilionário que não está no orçamento da União.

Lançado em 2009, o PSI é um programa de financiamento voltado à produção, aquisição e exportação de bens de capital e inovação tecnológica. O programa tem juros mais baixos do que os das linhas convencionais do BNDES, com base em aportes do Tesouro.

Os pagamentos dos subsídios do PSI foram questionados em alguns acórdãos do Tribunal de Contas da União (TCU), como o 3071/2012, baseado em auditoria sobre benefícios (subsídios) explícitos (que constam do Orçamento) e não explícitos do banco e de outras instituições financeiras e programas do governo.

O economista Mansueto Almeida, do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), observa que, desde 2010, o governo já autorizou 7,2 bilhões de reais em pagamentos de subsídios do PSI, mas apenas 1,2 bilhão de reais foi efetivamente pago até novembro de 2012. Almeida acrescenta que, antes da recente ampliação do PSI, o TCU estimava que os subsídios do PSI seriam da ordem de 10,4 bilhões de reais de 2010 a 2012, e de 20 bilhões de reais até 2015.

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Já no caso do Minha Casa, Minha Vida, dos 37,5 bilhões de reais em subsídios autorizados do início do programa, em 2009, até novembro de 2012, apenas 21 bilhões de reais foram efetivamente pagos pelo Tesouro, incluindo nessa conta os pagamentos atrasados via restos a pagar.

Contas – Almeida somou os 16 bilhões de reais de subsídios não pagos do Minha Casa aos 6 bilhões de reais de diferença entre os pagamentos autorizados dos subsídios do PSI entre 2010 e 2012 (7,2 bilhões de reais) e o efetivamente pago (1,2 bilhão de reais). Da soma de 22 bilhões de reais, ele subtraiu cerca de 2 bilhões de reais de restos a pagar do Minha Casa, Minha Vida que foram cancelados. Assim, ele chegou aos 20 bilhões de reais de débito do Tesouro que não aparecem nem na dívida bruta, nem na líquida.

Na verdade, explica, a conta está sendo acumulada na rubrica restos a pagar do orçamento. Os restos a pagar, de fato, não aparecem na dívida pública. Tipicamente, a rubrica registra débitos com fornecedores, considerados dívida flutuante, que aumenta e diminui à medida que os contratos vão se desenvolvendo, não devendo ter a característica de crescer continuamente.

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A dívida do PSI e do Minha Casa, porém, só cresce desde seus lançamentos, o que torna mais complicado o seu enquadramento como dívida flutuante.

Para Almeida, a conta dos pagamentos de subsídios pelo Tesouro do PSI e do Minha Casa é mais um exemplo de perda de transparência da política fiscal. Ele nota que a dívida não contabilizada de R$ 20 bilhões pode estar subestimada, já que considera os números antes da recente prorrogação do PSI. O Ministério da Fazenda e o TCU foram procurados pela reportagem, mas não deram retorno.

(com Estadão Conteúdo)

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