Gasto de brasileiros no exterior é o 2º maior da história
Em outubro, despesas de turistas no exterior somaram 2,08 bi de dólares. Valor é o segundo maior recorde da história e só perde para julho de 2011
Apesar do dólar em constante alta, o gasto dos turistas brasileiros no exterior teve seu segundo melhor mês da história em outubro. De acordo com a nota do setor externo divulgada nesta quarta-feira pelo Banco Central, as despesas de brasileiros no exterior somaram 2,08 bilhões de dólares em outubro deste ano. Trata-se de um aumento de 20,6% em relação ao resultado de 2011 e o segundo maior resultado da série histórica do BC, perdendo apenas para julho de 2011, quando os brasileiros gastaram 2.234 bilhões de dólares com viagens internacionais.
No acumulado do ano, o resultado é recorde: 18,425 bilhões de dólares gastos no exterior nos dez primeiros meses de 2012 ante 17,911 bilhões de dólares no mesmo período de 2011. O saldo líquido com viagens internacionais – a diferença entre o gasto dos brasileiros e dos estrangeiros no Brasil – ficou negativo em 1,536 bilhão de dólares, ante 1,215 bilhão de dólares registrados em outubro de 2011.
Empresas – As remessas de lucros e dividendos feitas pelas empresas estrangeiras com sede no Brasil somaram 2,355 bilhões de dólares em outubro, disse o BC. No acumulado do ano até o mês passado, as remessas chegaram a 17,706 bilhões de dólares. O resultado está abaixo dos 29,218 bilhões de dólares registrados em igual período de 2011.
O BC informou também que as despesas com juros externos totalizaram 1,075 bilhão de dólares em outubro e 8,623 bilhões de dólares nos primeiros dez meses do ano. Neste mesmo período do ano passado, o gasto com juros foi de 9,719 bilhões de dólares.
Déficit – O resultado do setor externo também mostrou que o déficit em transações correntes somou 5,4 bilhões dólares em outubro e 39,6 bilhões de dólares no ano, até outubro, patamar ligeiramente inferior ao registrado no mesmo período de 2011, 39,8 bilhões de dólares.
Nos doze meses encerrados em outubro, as transações correntes acumularam déficit de 52,2 bilhões de dólares, equivalente a 2,3% do PIB. A conta financeira registrou superávit de 5,8 bilhões de dólares no mês e o balanço de pagamentos apresentou superávit de 468 milhões de dólares em outubro.
Investimento estrangeiro direto – O ingresso líquido de IED atingiu 7,7 bilhões de dólares em outubro, composto por 6,9 bilhões de dólares na modalidade participação no capital e 843 milhões de dólares em desembolsos líquidos de empréstimos em empresas. Em doze meses, até outubro, os ingressos líquidos de IED somaram 66 bilhões de dólares, equivalentes 2,9% do PIB.
Dívida externa – O BC informou que a posição estimada da dívida externa total referente a outubro totalizou 308,5 bilhões de dólares, decréscimo de 160 milhões dólares em relação ao montante estimado para setembro.
A dívida externa de longo prazo atingiu 271,9 bilhões de dólares, contração de 144 milhões de dólares, enquanto o estoque de curto prazo manteve-se em patamar semelhante, somando 36,6 bilhões de dólares.
As reservas internacionais chegaram a 377,8 bilhões de dólares em outubro, redução de 973 milhões de dólares em relação ao estoque do mês anterior.
Perspectiva – O executivo do BC prevê também que a projeção de 60 bilhões de dólares de fluxo de Investimento Estrangeiro Direto (IED) para o país em 2012 deverá ser superada. Até outubro, o saldo é de 55,3 bilhões de dólares e o BC prevê mais 3 bilhões de dólares em novembro. Segundo ele, o BC ainda não tem projeções para 2013, mas a tendência é de que o fluxo de IED permaneça elevado.
Rocha também admitiu que a retomada da atividade econômica deve levar a um aumento do déficit em conta corrente em valores nominais. Mas ele ponderou que o Produto Interno Bruto (PIB) vai aumentar e, com isso, elevar o denominador da relação entre déficit em conta corrente e PIB. “Não há evidência clara da trajetória da relação entre o saldo das transações correntes e o PIB”, afirmou.
(com Estadão Conteúdo)