Bolsa encerra setembro com maior queda mensal desde maio de 2012
Após ter sua maior queda em três anos na segunda-feira, Bovespa recuava 1,2% na tarde desta terça-feira, com perdas da Petrobras; no acumulado do mês, índice perdeu 11,7%
O Ibovespa, principal indicador de Bolsa de Valores de São Paulo, continuava a operar em queda nesta terça-feira em meio à expectativa de recuperação da presidente Dilma Rousseff nas pesquisas eleitorais. O índice fechou em queda de 0,93%, para 54.115 pontos, depois de perder 1,96% na mínima da sessão. O Ibovespa fechou a segunda-feira com queda de 4,52%, para 54.625 pontos, a maior em três anos. A última pesquisa Datafolha mostrou que Dilma Rousseff praticamente dobrou a vantagem sobre Marina Silva no primeiro turno e passou a ter vantagem numérica sobre a candidata do PSB em um eventual segundo turno.
A Bovespa encerrou setembro com o maior recuo mensal desde maio de 2012, de 11,7%, anulando totalmente o ganho de agosto, de 9,78%, quando o mercado viu na entrada de Marina Silva (PSB) na disputa eleitoral uma chance real de mudança no governo federal. No ano, o Ibovespa ainda acumula alta de 5,06%. “Houve uma euforia em agosto com uma possível alternância de governo, mas conforme Marina perdeu fôlego nas intenções de votos, com essa tendência se confirmando paulatinamente, acabou ocorrendo uma reavaliação de risco e uma forte realização de lucros”, disse Julio Erse, gestor na NP Investimentos.
Analistas e profissionais do mercado financeiro veem com bons olhos uma mudança de governo, por acreditarem que a política econômica seria alterada. De acordo com estrategistas do Bank of America Merrill Lynch, “as ações brasileiras continuam a reagir às pesquisas eleitorais presidenciais e a volatilidade deve seguir alta até termos uma definição clara do potencial vencedor”.
Uma bateria de levantamentos sobre intenções de votos está registrada no Tribunal Superior Eleitoral para os próximos dias, incluindo divulgação dos amplamente monitorados Ibope e Datafolha ainda nesta terça-feira.
As principais pressões negativas para o Ibovespa no dia vieram de papéis tradicionalmente sensíveis à cena eleitoral, como as ações da estatal Petrobras, que acumularam no mês perda ao redor de 20%, equivalente a quase 66 bilhões de reais em valor de mercado.
Na véspera, os papéis da petroleira tombaram cerca de 10%, o que fez com que a Petrobras deixasse de ser a maior companhia em valor de mercado na Bovespa, com 236,3 bilhões de reais, cedendo tal colocação à Ambev, com 256,51 bilhões de reais. Os papéis dos bancos, como Itaú e Bradesco, também pressionaram o índice nesta terça-feira.
Banco do Brasil, além do efeito via quadro político, também sofreu após o secretário do Tesouro Nacional, Arno Augustin, não detalhar em coletiva sobre o resultado fiscal do governo central como usará as ações do banco detidas pelo Fundo Soberano para compor o superávit primário.
Segundo operadores, o déficit do governo central em agosto, maior que o esperado, decepcionou os investidores logo cedo. Em seguida, o Banco Central informou que o setor público teve um déficit primário de 14,460 bilhões de reais em agosto, o pior resultado desde dezembro de 2008 e que ficou abaixo do piso das estimativas, de 12,4 bilhões de reais no vermelho.
(Com Reuters)