O dólar fechou em queda de 2,08% nesta quarta-feira, acompanhando a baixa da moeda em todo o mundo ocorrida em meio à percepção de que o Federal Reserve, banco central americano, deve elevar os juros somente em 2016. Com o recuo, o dólar fechou negociado por 3,81 reais. O declínio anulou boa parte do avanço de 3,58% registrado na terça-feira, a maior alta diária em mais de quatro anos.
Dados fracos sobre a inflação na China alimentaram apostas de que a desaceleração da segunda maior economia do mundo esteja respingando sobre os Estados Unidos, o que daria argumentos para o Fed manter os juros quase zerados até o ano que vem. A possibilidade de o Fed não elevar juros neste ano sustenta a atratividade de ativos de países emergentes, como o Brasil, que oferecem rendimentos maiores.
Dados da economia americana também corroboraram as perspectivas de manutenção dos juros. Os preços ao produtor no país recuaram 0,5% em setembro, queda bem maior do que a baixa de 0,2% projetada por analistas em pesquisa da agência Reuters. Já as vendas no varejo subiram 0,1 por cento no período, contra expectativas de alta de 0,2 por cento.
“Julgando por toda a comunicação do Fed e por todos os fundamentos, não vejo nenhum motivo para ter pressa para elevar juros. Não ficaria surpreso se a alta viesse só na metade do ano que vem”, disse o tesoureiro de um banco nacional.
Também nesta quarta-feira, o Livro Bege, que traz a visão do Fed sobre o cenário econômico considerado na reunião mais recente para a decisão sobre a taxa de juros, mostrou que contatos empresariais do banco central americano entendem que a economia dos EUA vem sofrendo com a alta do dólar. Isso daria mais combustível para a perspectiva de manutenção dos juros.
Alguns peradores não descartavam a possibilidade de o real voltar a ser pressionado nos próximos dias por preocupações locais. A pesada incerteza sobre eventual processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff tem assustado investidores, após a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) de barrar temporariamente o rito desenhado pelo presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ). “Todo esse quadro de indefinição da cena política, que prejudica e posterga cada vez mais o ajuste fiscal e a retomada do crescimento do Brasil, leva o investidor para um cenário de aversão ao risco e a procura por segurança no dólar”, escreveu o operador da corretora Correparti Jefferson Luiz Rugik em nota a clientes.
Bovespa – A bolsa paulista fechou no vermelho nesta quarta-feira, após sessão marcada por muitos altos e baixos. O vencimento de contratos de opções e futuros do Ibovespa, a fraqueza dos preços das commodities, baixas registradas também Wall Street e o cenário político doméstico dividiram as atenções dos investidores. O Ibovespa caiu 1,38%, a 46.710 pontos. O giro financeiro totalizou 15,87 bilhões de reais, inflado pelas operações relacionadas aos vencimentos do Ibovespa.
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(Com Reuters)