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Zuckerberg apoiou compartilhamento de dados de usuários do Facebook

Presidente da rede social permitiu que desenvolvedores de software tivessem acesso amplo aos dados dos usuários em 2012, segundo e-mails internos

Por Reuters Atualizado em 6 dez 2018, 15h10 - Publicado em 6 dez 2018, 14h37

E-mails de 2012 de Mark Zuckerberg, obtidos por um painel do governo britânico que investiga o Facebook, traz luz sobre as discussões internas relacionadas à estratégia da empresa sobre o compartilhamento de dados de usuários da rede social. O presidente-executivo do Facebook questionou a prática empresarial de fornecer a milhões de desenvolvedores de software acesso amplo aos dados dos usuários antes de endossar a prática em 2012, segundo os emails internos, que foram publicados na quarta-feira, 6.

A decisão tornou possível que um aplicativo de questionários coletasse dados de cerca de 87 milhões de usuários do Facebook no ano seguinte, e depois compartilhasse as informações com a, agora extinta, consultoria britânica Cambridge Analytica. A consultoria trabalhou na campanha presidencial de Donald Trump.

Zuckerberg lamentou a sua escolha em uma publicação no Facebook na quarta, dizendo que reprimir o acesso aos dados um ano antes poderia ter ajudado a empresa a evitar um escândalo de privacidade que manchou sua reputação.

“Lançamos a Facebook Platform em 2007 com a ideia de que mais aplicativos deveriam ser sociais. Muitas empresas novas e grandes experiências foram construídas nessa plataforma, mas, ao mesmo tempo, alguns desenvolvedores criaram aplicativos obscuros que abusavam dos dados das pessoas”, explicou Zuckerberg na rede social. “Em 2014, para evitar aplicativos abusivos, anunciamos que estávamos mudando toda a plataforma para limitar drasticamente os dados que os aplicativos poderiam acessar.”

Lucro

Quando os emails foram enviados, o Facebook havia recentemente aberto seu capital e contava com aplicativos de terceiros, como jogos, para ajudar a impulsionar o crescimento da rede social.

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Mas Zuckerberg questionou se tais aplicativos e os dados que eles enviaram de volta ao Facebook estavam produzindo aumentos suficientes no uso e na receita da rede social.

“Em teoria, queremos informações, mas as publicações que os desenvolvedores estão nos dando são realmente valiosos?” Zuckerberg escreveu em resposta a um longo email de outro executivo. “Eles não parecem ter (conteúdo) direcionado e eu duvido que eles também aumentem significativamente o engajamento.”

Uma alternativa proposta era cobrar os aplicativos pelo acesso aos dados dos usuários do Facebook, embora tal movimento provavelmente tivesse limitado o número de aplicativos que funcionam com o Facebook, escreveu Zuckerberg em uma mensagem. O Facebook manteve o rumo, com Zuckerberg rejeitando as taxas.

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As deliberações nos emails do final de 2012 se concentravam no lucro e não na privacidade.

Zuckerberg e os líderes seniores debateram como os acordos de troca de dados com empresas como o Spotify e o Pinterest poderiam gerar receita, acreditando que o Facebook estava obtendo menos benefícios do acordo do que seus parceiros.

Por fim, Zuckerberg manteve o objetivo que havia estabelecido ao lançar as ferramentas para desenvolvedores anos antes: fazer com que as pessoas compartilhem mais itens no Facebook.

“O objetivo da plataforma é unir o universo de todos os aplicativos sociais para que possamos permitir muito mais compartilhamento e ainda continuar sendo a plataforma central”, disse ele em um email para vários altos executivos. “Isso encontra o equilíbrio certo entre onipresença, reciprocidade e lucro.”

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Em sua oferta pública inicial (IPO), a empresa disse que trabalhar com outros aplicativos era “fundamental” para aumentar o uso do Facebook e melhorou sua capacidade de personalizar feeds de notícias.

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