Por Célia Froufe e Eduardo Rodrigue
Brasília – A Votorantim Cimentos enviou um comunicado nesta quarta-feira à imprensa informando que não concorda com a decisão do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) de anular a permuta feita com a francesa Lafarge para adquirir a cimenteira portuguesa Cimpor. “Apesar de reconhecer a importância dos processos administrativos liderados pelo Cade e de respeitar os princípios de defesa da concorrência em todos seus aspectos, a Votorantim Cimentos discorda da decisão de reprovar a operação de permuta pela qual adquiriu ações da Cimpor em 2010, pois entende que todas as medidas necessárias para viabilizar a aprovação desta operação já haviam sido tomadas, em linha com as preocupações do Cade”, trouxe a nota.
A Votorantim argumentou que a operação de permuta com a Lafarge em 2010 foi pró-competitiva, pois reduziu sua participação no mercado cimenteiro do Brasil e permitiu a entrada imediata de um novo competidor em mercados regionais onde até então não atuava.
A empresa salientou que em 25 de junho, a Votorantim Cimentos celebrou acordo formal com a InterCement (empresa do grupo Camargo Corrêa), segundo o qual aliena sua participação na Cimpor em troca dos ativos detidos pela companhia portuguesa em sete países de interesse estratégico para a Votorantim, bem como separa-se da participação acionária conjunta com a Camargo Corrêa na Cimpor. “Neste sentido, todos os pontos levantados pelo Cade em sua decisão de hoje já haviam sido apresentados previamente pela empresa ao Conselho, e sanados pela companhia com o acordo firmado no dia 25 de junho, que foi protocolado no Cade antes da decisão de hoje.”
A empresa reiterou na nota que entrou no capital da Cimpor em 2010 com o objetivo de estabelecer uma plataforma de crescimento internacional, nos mercados da Europa, Ásia e África. “Como sempre divulgou, jamais foi do interesse da Votorantim permanecer como sócia da Camargo Corrêa, tampouco de focar nos ativos brasileiros da Cimpor”, argumentaram.
A Votorantim ressaltou ainda que imediatamente após a aquisição das ações da Cimpor, em 2010, propôs ao Cade um Acordo de Preservação da Reversibilidade da Operação (Apro), que foi aprovado pelo Conselho. Esse acordo previa a não participação da Votorantim nas discussões e decisões do Conselho da Cimpor a respeito das operações da cimenteira envolvendo o Brasil. O Apro permaneceu em vigor até a data de hoje e, segundo o Cade, continuará valendo até que a empresa saia do capital da cimenteira portuguesa. Para a Votorantim, o acordo celebrado no dia 25 de junho ratifica sua saída do capital social da Cimpor e não provoca nenhuma alteração em sua posição no mercado brasileiro de cimento.