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Tabelamento do frete pode elevar inflação de alimentos, diz Ipea

Instituto espera que setor alimentício encerre o ano 3,93% mais caro, mas impacto dos transportes nos custos dos produtores pode aumentar previsão

Por Estadão Conteúdo 18 jul 2018, 21h03

O tabelamento do frete, principal medida negociada pelo governo para encerrar a paralisação dos caminhoneiros, pode aumentar a pressão sobre a inflação ao consumidor este ano. O impacto será especialmente sentido no setor alimentício. A avaliação é do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), que divulga nesta quarta-feira (18) uma nova edição da Carta de Conjuntura.

Em junho, o IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo), medido pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), subiu 1,26%, a maior taxa para o mês desde 1995. Os preços do grupo alimentação e bebidas aumentaram 2,03%, o que resultou numa contribuição de 0,50 ponto porcentual para a inflação do mês.

O Ipea espera que os alimentos encerrem o ano 3,93% mais caros, o equivalente a uma contribuição de 0,62 ponto porcentual para o IPCA do ano de 2018, estimado pelo instituto em 4,20%.

É possível que essa previsão seja revista para cima, dependendo do impacto que o tabelamento do frete terá sobre os custos dos produtores. O encarecimento do transporte pode causar uma pressão maior sobre os preços dos alimentos e, consequentemente, sobre a inflação do ano, avaliou José Ronaldo de Castro Souza Júnior, diretor de Estudos e Políticas Macroeconômicas do Ipea. “Mas ainda não é possível prever a dimensão desse efeito”, disse Souza Júnior.

A medida provisória que permite o estabelecimento de preços mínimos para os fretes rodoviários foi aprovada por deputados e senadores na última quarta-feira (11).

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Os valores serão divulgados com base em regulamentação da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT), levando em consideração custos com o óleo diesel e pedágios. Depois de editada, a medida provisória foi questionada na Justiça, principalmente pelo agronegócio e pela indústria, que criticaram o aumento dos custos do deslocamento.

Segundo o Ipea, o repique inflacionário de junho teve influência de três efeitos da greve de caminhoneiros sobre os preços dos alimentos no País: o entrave logístico durante a paralisação; a falta de estoques do varejo e de matérias-primas na indústria; e o aumento nos custos do transporte derivado do tabelamento dos fretes.

“Para julho, a expectativa é a de que as pressões sobre os preços derivadas dos dois primeiros elementos se diluam, restando os efeitos decorrentes do tabelamento de fretes. O início da nova safra agrícola, com a consequente necessidade de insumos, adubos e fertilizantes nas regiões produtoras, tende a intensificar esse repasse de preços no curto e médio prazo, à medida que a atual safra seja escoada pagando fretes mais altos; e no longo prazo, via menor oferta de alimentos, caso a safra 2018/2019 continue com seu plantio comprometido”, ressaltou o estudo do Ipea.

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