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Saída de Parente traz de volta medo de interferência política na Petrobras

Ao pedir demissão, Parente diz que ficou claro que sua permanência na presidência da Petrobras deixou de ser positiva

Por Fabiana Futema Atualizado em 1 jun 2018, 16h49 - Publicado em 1 jun 2018, 16h03

Um dos desafios do governo Michel Temer é manter a confiança do mercado na gestão da Petrobras após a saída de Pedro Parente da presidência da estatal. Sob a gestão de Parente, a Petrobras voltou a dar lucro no primeiro trimestre de 2018, o primeiro desde o escândalo da Lava Jato – a estatal teve prejuízos de 21,9 bilhões em 2014, de 34,8 bilhões em 2015, de 14,8 bilhões de reais em 2016 e de 446 milhões de reais em 2017.

Ao assumir a presidência da Petrobras, há dois anos, Parente afirmou que havia acabado o período de influência política na companhia. Foi justamente a volta da interferência do governo na política de preços da empresa que afastou o executivo. Ao negociar o fim da greve com os caminhoneiros, o governo se comprometeu a congelar o preço do diesel por 30 dias – substituindo a política de reajuste baseada na cotação do mercado internacional – e reduzir o preço do diesel em 0,46 centavos por 60 dias. Em sua carta de demissão, Parente diz que ficou claro que sua permanência na presidência da Petrobras deixou de ser positiva e de contribuir para a construção das alternativas que o governo tem pela frente.

Sergio Lazzarini, professor de estratégia do Insper, lembra que Parente assumiu o comando da Petrobras quando a empresa vivia uma crise de confiança resultado do mau uso dos recursos, corrupção e prejuízos causados pela interferência do governo na companhia. “O governo Dilma causou um prejuízo de quase 100 bilhões de reais ao setor de refino ao manter uma política de preços artificialmente baixos. Ele chegou para resgatar a confiança.”

Quem assumir o cargo agora, na opinião de Lazzarini, pegará a Petrobras em uma situação muito difícil. “O cenário é muito ruim. Praticamente jogou-se no lixo todo o trabalho de gestão e independência feito por Parente.”

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Na opinião do professor do Insper, o aumento da influência do governo na Petrobras traz de volta o fantasma da corrupção. “Onde passa um boi, passa uma boiada. Ter uma empresa à mercê do governo é muito ruim para todo mundo.”

O professor da Fundação Getulio Vargas Roberto Castello Branco diz que a saída de Parente é coerente com a administração do executivo. “Quando tomou posse, ele disse que gostaria de ter independência para estabelecer a política de preços, sem interferências externas. À medida em que isso muda, já era esperado que ele sairia.”

Para Castello Branco, nada de bom pode acontecer com a ampliação da interferência do governo na gestão da Petrobras. “A história mostra que coisas ruins acontecem quando governos interferem.”

O presidente da Federação das Indústrias do Rio de Janeiro, Eduardo Eugenio Gouvêa Vieira, chamou Parente de íntegro e correto e atribuiu a ele o fato de ter elevado o valor de mercado da companhia em 200 bilhões de reais. “Foi o responsável por colocar as contas em dia e, com pulso firme, foi obrigado a tomar atitudes muitas vezes impopulares, mas sempre tendo como objetivo a recuperação da Petrobras.”

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Em nota, ele diz esperar que o “próximo gestor tenha integridade e comprometimento para dar continuidade à retomada de recuperação da Petrobras, para o bem da estatal, da indústria e pelo crescimento do país.”

Menos pessimista, o professor de economia do Ibmec/SP Walter Franco diz que a demissão de Parente pode ser boa para a empresa. “Ele estava muito desgastado e ter um presidente com a imagem desgastada não é bom para nenhuma empresa.”

Franco diz não acreditar que o governo vá interferir na gestão da Petrobras. “Grosso modo, não há sinais de mudança na política da empresa.”

O professor do Ibmec acredita que a saída para o governo agora seja escolher um funcionário de carreira para assumir a Presidência da Petrobras. “Ter alguém de carreira que dê continuidade ao trabalho do Parente seria o melhor agora.”

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