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Rodízio, home office e mais ideias para depender menos do petróleo

Consultoria internacional traça dez alternativas globais que podem reduzir consumo em 2,7 milhões de barris de petróleo nos próximos 4 meses

Por Larissa Quintino Atualizado em 22 mar 2022, 18h59 - Publicado em 22 mar 2022, 14h09

Diminuir limites de velocidade, tornar o transporte público mais barato e até mesmo continuar com trabalho remoto de alguma forma. Estas são algumas ideias que estão em uma lista de 10 pontos da Agência Internacional de Energia (IEA) para tentar diminuir a demanda pelo petróleo. As ideias são relevantes para economias altamente dependentes do combustível fóssil – e que, com a alta da commodity sofrem mais com os choques inflacionários, como o que ocorre agora com o conflito entre Rússia e Ucrânia -, bem como um ponto de partida para a mudança na matriz energética.

“Medidas de emergência podem reduzir rapidamente a demanda global de petróleo em 2,7 milhões de barris por dia, reduzindo o risco de uma crise de oferta prejudicial”, disse a AIE em seu plano ,de 10 pontos divulgado na última sexta-feira. A agência disse que o corte de demanda pode ser alcançado dentro de quatro meses, se as economias avançadas implementarem totalmente sua proposta.

Reduzir os limites de velocidade nas rodovias em pelo menos dez quilômetros por hora liderou a lista da agência. A medida, aliás, foi adotada em São Paulo durante a gestão municipal de Fernando Haddad do PT. Na ocasião, a redução do limite de velocidade nas marginais tinha como principal objetivo diminuir o número de acidentes. O consumo de combustível para carros, veículos comerciais leves e caminhões pode ser significativamente reduzido por limites de velocidade mais lentos.

Trabalhar em casa até três dias por semana sempre que possível e domingos sem carros nas cidades completaram as três principais ideias da IEA. O home office, pouco difundido entre as empresas brasileiras até o choque da Covid-19, foi amplamente adotado e boa parte das companhias trabalham agora em um modelo híbrido, que ajuda tanto nos gastos locais quanto a diminuir o consumo de petróleo.

Confira a lista com os planos para reduzir a dependência do petróleo (mil barris por dia = kb/d):

1. Reduzir o limite de velocidade em até 10 km/h:  Uma análise país a país e estado a estado mostra que uma redução dos limites de velocidade nas rodovias em 10 km/h em relação aos níveis atuais pode reduzir significativamente o consumo de combustível para carros, veículos comerciais leves e caminhões. Cerca de 290 kb/d de uso de petróleo podem ser economizados a curto prazo através de uma redução do limite de velocidade de apenas 10 km/h nas autoestradas para carros. Mais 140 kb/d (predominantemente diesel) podem ser economizados se os caminhões pesados ​​reduzirem sua velocidade em 10 km/h.

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2. Trabalhar ao menos três dias por semana em casa: Antes da pandemia, usar carro para ir ao trabalho era responsável pelo consumo de cerca de 2,7 milhões de barris de petróleo por dia em países desenvolvidos. No entanto, cerca de um terço dos empregos nas economias avançadas podem ser feitos em casa, abrindo a possibilidade de reduzir a demanda por petróleo, mantendo a produtividade. Um dia de trabalho em casa pode evitar cerca de 170 kb/d de uso de petróleo. Três dias de trabalho em casa evita cerca de 500 kb/d no curto prazo.

3. Domingos sem carros nas cidades:  Países como Suíça, Holanda e Alemanha Ocidental adotaram a medida durante a crise do petróleo de 1973. Bruxelas, Edimburgo, Vancouver, partes de Tóquio e outras cidades os usaram mais recentemente para promover a saúde pública, espaços comunitários e eventos culturais. Essa medida evita cerca de 380 kb/d de uso de petróleo no curto prazo, se implementada nas grandes cidades todos os domingos. Se for apenas um domingo por mês, a quantidade cai para 95 kb/d.

4. Baratear o uso do transporte público: Uma maneira eficaz de reduzir a demanda de petróleo é transferir a demanda de viagens de carros particulares para transporte público e até mesmo para opções como caminhada ou ciclismo sempre que possível. Medidas de curto prazo, quando viáveis ​​e culturalmente aceitáveis, podem evitar cerca de 330 kb/d de uso de petróleo.

5. Rodízio: Restringir o uso de carros particulares nas estradas nas grandes cidades para aqueles com placas pares em alguns dias da semana e para aqueles com placas ímpares em outros dias da semana é uma medida com um longo histórico de implementação bem-sucedida. Em São Paulo, o rodízio de veículos acontece desde 1997. Na capital, são tirados de circulação veículos com dois números finais diferentes de placa por dia. Segundo o estudo, a redução no consumo pode ser de 210 barris de petróleo por dia no curto prazo se o rodízio for aplicado em dois dias por semana em grandes cidades com boas opções de transporte público.

6. Aumentar o compartilhamento de carros: Usuários de carros de diferentes famílias podem optar por carona para viagens não urbanas, reduzindo a demanda de petróleo e economizando dinheiro ao mesmo tempo. Os governos podem fornecer incentivos adicionais designando faixas de tráfego e vagas de estacionamento exclusivas próximas aos centros de transporte público e até mesmo reduzindo os pedágios em veículos de maior ocupação. Tais medidas estão em vigor em áreas suburbanas de cidades como Madrid e Houston, entre outras. Um aumento de cerca de 50% na ocupação média de carros nas economias avançadas em um em dez viagens e a adoção das melhores práticas para diminuir o uso de combustível do carro pode economizar cerca de 470 kb/d de petróleo no curto prazo.

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7. Otimizar a condução eficiente de carga de entrega de mercadorias: Veículos podem ser conduzidos para otimizar o uso de combustível. As medidas possíveis abrangem uma ampla gama e podem incluir uma melhor manutenção do veículo, bem como hábitos de direção. Os governos podem introduzir as chamadas técnicas de direção ecológica como parte dos processos de ensino e exames necessários para receber uma carteira de motorista. Campanhas de informação pública mais amplas podem complementar esses esforços direcionados. Empresas de entregas podem realizar políticas internas para melhorar a condução do veículo. Essas medidas podem evitar cerca de 320 kb/d de uso de petróleo no curto prazo.

8. Usar trens noturnos e de alta velocidade em vez de aviões sempre que possível: Para o Brasil, essa medida não é válida já que não há trens de alta velocidade de passageiros. Mas, globalmente, a estratégia é válida. A adoção evita cerca de 40 kb/d de óleo no curto prazo.

9. Evitar viagens a negócios se as reuniões puderem ser feitas de outra forma: Dada a necessidade de espaço nos aviões, as viagens dos passageiros das classes premium consomem três vezes mais petróleo do que as da classe económica. Embora nem todas as viagens de negócios de avião possam ser evitadas, em muitos casos o uso de reuniões virtuais podem funcionar. Uma redução significativa de cerca de dois em cada cinco voos realizados para fins comerciais é viável no curto prazo, com base nas notáveis ​​mudanças observadas durante a pandemia de Covid.  A medida evita 260 kb/d de uso de petróleo no curto prazo.

10. Reforçar a adoção de carros elétricos: Até o final deste ano, 8,4 milhões de carros elétricos estavam nas estradas nas economias avançadas, com base em vendas recordes na Europa, em particular. A demanda por carros elétricos continua forte, devido à queda nos custos das baterias nos últimos anos e ao apoio do governo. No entanto, os gargalos da cadeia de suprimentos em semicondutores, matérias-primas para veículos e materiais de bateria e fabricação estão pressionando o mercado. Os impactos provavelmente serão sentidos a longo prazo, mas facilitar a coordenação logística para reforçar os fluxos de materiais e componentes é uma prioridade de curto prazo para que as interrupções em algumas partes da cadeia de suprimentos automotiva possam ser absorvidas por capacidades de fabricação de outros lugares menos afetados. A medida evitaria mais de 100 kb/d de uso de petróleo no curto prazo, com base nas vendas esperadas de carros elétricos e mais econômicos nos próximos quatro meses. A ação sustentada nas cadeias de suprimentos e o apoio a políticas podem ajudar a garantir mais economias.

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