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Riscos climáticos e ambientais afetam a estabilidade financeira, diz BC

Em videoconferência para a COP26, Roberto Campos Neto fala sobre o papel do Banco Central na transição para uma agenda verde

Por Luana Zanobia Atualizado em 3 nov 2021, 16h12 - Publicado em 3 nov 2021, 13h57

O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, afirmou nesta quarta-feira, 03, que a degradação do meio ambiente e os riscos climáticos afetam a política monetária do Banco Central. Os choques ambientais, como as geadas e outros eventos climatológicos, geram impactos nos preços. “Os riscos climáticos e ambientais acabam por afetar os imperativos do Banco Central, que é garantia da estabilidade dos preços e do sistema financeiro”, disse Campos Neto em videoconferência para a COP26, Conferência das Nações Unidas sobre o clima, que está sendo realizada em Glasgow, na Escócia.

Os riscos ambientais e climáticos estão sendo cada vez mais inseridos dentro das políticas monetárias dos Bancos Centrais ao redor do mundo. “Os BCs estão fazendo análises de estresse que consideram a variável do risco climático, ambiental e social como um todo”, disse. Para o presidente do BC, o Brasil está chegando ao terceiro estágio da agenda verde, em que essa sensibilização está abarcando toda cadeia produtiva. “Esse terceiro estágio é marcado pelo fluxo de recursos no mundo que está sendo guiado pelo ESG”, disse Campos Neto, ressaltando o desejo do BC de adentrar nas “finanças verdes”. Segundo o presidente, essa fase é muito mais intensa e tem impedindo que alguns países e empresas recebam investimento externo.

Segundo Campo Neto, o Brasil faz bons investimentos em energia renovável, tendo hoje uma das matrizes mais limpas do mundo, e também na produção de alimentos de forma limpa, ressaltando que o país progrediu bastante nesses quesitos. Durante a COP26, a diretora de Assuntos Internacionais e de Gestão de Riscos Corporativos​ do Banco Central, Fernanda Guardado, anunciou a implementação de um crédito rural sustentável pela autarquia até julho de 2022. Campos Neto e Guardado reconhecem que a transição para a economia verde trará desafios e custos altos, “podendo ser mais difícil do que se imaginava”. Mas afirmaram que o BC apoiará o desenvolvimento de instrumentos financeiros adequados na transição de uma agenda verde e sustentável e também na alocação dos recursos financeiros.

Durante a COP26, o Brasil se comprometeu a reduzir 50% das emissões poluentes até 2030, acima dos 43% prometidos anteriormente, atingindo a neutralidade até 2050. O anúncio foi realizado pelo ministro do Meio Ambiente, Joaquim Leite, por videoconferência.

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O governo, no entanto, não apresentou uma base de cálculo para a redução das emissões. A meta foi bastante criticada por entidades climáticas e ambientais como uma “pedalada climática”. No ano passado, o Brasil reavaliou as emissões de 2005, ano que teve como base de cálculo o compromisso de redução das emissões no Acordo de Paris, de 37% até 2025 e 43% até 2030.  Nessa reavaliação, a base anterior de 2,1 bilhões de toneladas de gases de efeito estufa emitidas em 2005, foram revisadas para cima em 2,4 bilhões de toneladas. Com essa mudança o Brasil, que poderia chegar em 2030 emitindo 1,2 bilhão de toneladas, conseguiu manter essa mesma base de emissão, quando essa tolerância de gases poluentes deveria ser bem menor.

As metas apresentadas pelo Brasil também não pareceram convencer as lideranças de mais de cem países que estavam presentes no evento. Além da imagem negativa do governo na área ambiental, a ausência do presidente Jair Bolsonaro pesou na percepção de um compromisso vazio. Xi Jinping e Vladimir Putin também foram alguns dos poucos líderes que não compareceram ao evento. Tanto a China quanto a Rússia são países pouco engajados com as questões climáticas e ambientais, inclusive estão entre os maiores poluidores.

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