Risco-país do Brasil cai ao menor nível desde 2013
CDS, título que serve como indicador de risco de crédito, recua aos 117,15 pontos-base, influenciado pela aprovação da reforma da Previdência
O risco-país do Brasil caiu ao seu menor patamar em mais de 6 anos nesta terça-feira, 29. O Credit Default Swap (CDS) de cinco anos – instrumento financeiro que funciona como um seguro contra calote da dívida soberana brasileira – recuou aos 117,15 pontos-base, o menor nível para um encerramento desde 10 de maio de 2013, quando estava em 111,18 pontos-base.
O Credit Default Swap é um título derivativo que funciona como um seguro para evitar inadimplência em uma operação de crédito. Ele oferece proteção para quem procura proteger uma carteira de crédito, por meio de uma seguradora que emite o título e assume a função de garantir o valor investido caso haja calote. Por precificar o risco de um determinado título de crédito, o CDS se tornou um dos principais indicadores de risco de crédito do mercado, sendo utilizado principalmente para investimentos internacionais. Desde o dia 17, o CDS perdeu 14,16 pontos-base, uma queda de 10,8%.
A aprovação da reforma da Previdência, aliada a maiores expectativas de ingresso de recursos estrangeiros , foi fator decisivo na diminuição de risco para o mercado. Além dos elementos locais, no cenário externo, os juros mais baixos nos Estados Unidos, sinais de progresso nas negociações tarifárias entre chineses e americanos, menor chance de um Brexit desordenado também ajudaram a diminuir a percepção de risco, o que reduziu prêmios na dívida brasileira e colaborou para a queda do CDS. O maior nível do CDS foi atingido pelo Brasil em 2015, quando chegou a 494 pontos. Naquela época, a economia brasileira estava em recessão técnica com o declínio do PIB.
“Há uma situação mais benigna internamente e um excesso de dinheiro no mundo. Esses dois movimentos simultâneos são as razões dessa queda”, afirma André Perfeito, economista-chefe da Necton. Apesar do recuo, o CDS do Brasil ainda é mais alto que o do Chile, segundo o economista.
Dólar
Após fechar na segunda-feira a 3,99 reais, na menor cotação em mais de dois meses, o dólar comercial subiu 0,28% nesta terça-feira e foi negociado, em média, a 4,00 reais para a venda. A alta se deve à cautela dos mercados em relação à quarta-feira, que contará com reuniões do Federal Reserve nos Estados Unidos (o Banco Central americano) e do Copom, do Banco Central brasileiro. Os encontros servirão para decidir sobre possíveis cortes de juros. “Nos atuais patamares, alguma estabilização de curto prazo pode ser vista”, disse Karen Jones, analista do Commerzbank. Em outubro, o dólar acumula depreciação de 3,7%, a caminho da maior baixa mensal desde janeiro.
Bolsa
Já o Ibovespa, principal índice da bolsa brasileira, teve queda de 0,58%, aos 107.556 pontos. A queda veio após duas consecutivas pontuações máximas da história. O declínio da bolsa se deve também à prudência dos investidores na espera pelas decisões a serem tomadas pelo Comitê de Política Monetária (Copom), que vai se reunir nesta quarta-feira, 30, para definir os planos de política monetária do país. O mercado espera um novo corte na Selic, a taxa básica de juros da economia – caindo dos atuais 5,5% ao ano para 5%.
(Com Reuters)