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Retomada de bares e restaurantes em SP não deve reduzir a crise do setor

Com difícil acesso a linhas de crédito, muitos estabelecimentos devem optar por permanecerem fechados na capital paulista

Por Felipe Mendes Atualizado em 26 jun 2020, 14h40 - Publicado em 26 jun 2020, 13h47

Após uma série de reuniões entre gestores de bares e restaurantes e o governo de São Paulo – representado pelo secretário do Turismo, Vinicius Lummertz –, o prefeito da capital paulista, Bruno Covas, decidiu acatar as exigências do setor e permitir a reabertura dos estabelecimentos na cidade, plano corroborado pelo governo do estado, que passou São Paulo para a fase amarela do plano de contenção, onde é prevista a reabertura dos estabelecimentos.

A partir do próximo dia 6, cerca de 55.000 bares e restaurantes da capital paulista poderão voltar a abrir suas portas, desde que cumpram com um rígido protocolo elaborado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária, a Anvisa. Com horário de funcionamento restrito – serão permitidas apenas seis horas de jornada – e capacidade para menos da metade de clientes, a reabertura tende a ser amarga para alguns empresários. “É um panorama complexo”, diz Percival Maricato, presidente da seccional paulistana da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel-SP). “Muitos pensam em não reabrir porque sabem que vai sair caro manter os estabelecimentos abertos com a receita menor do que o custo operacional”.

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Segundo Maricato, não houve pressão por parte da entidade para a reabertura em São Paulo. Ele confessa, no entanto, que os pedidos de empresários do setor se intensificaram quando João Doria autorizou, no final de maio, a retomada do funcionamento de shopping centers no estado. Paralisados desde meados de março, devido às medidas de isolamento social impostas por governadores para conter a disseminação da pandemia de coronavírus, bares e restaurantes tiveram de apostar no serviço de delivery e no “pague e leve” para manterem alguma receita nos últimos meses. Quem conseguiu se adequar, manteve cerca de 20% do faturamento habitual. Pouco, mas melhor que nada. “Cada um se virou como pôde. Quando a normalidade for restabelecida, esses meios de compra devem se consolidar”, acredita Maricato. Além da capital paulista, bares e restaurantes de outras 13 cidades da região metropolitana voltarão a funcionar.

Apesar do brando alívio, não são poucos os micro e pequenos empresários do setor que afirmam que não conseguem acessar o crédito junto aos bancos na crise. Por conta disso, não devem retomar as atividades de imediato. De acordo com um balanço da entidade, apenas 11,9% dos associados em São Paulo conseguiram acessar algum tipo de financiamento anunciado pelo governo federal durante a pandemia. “O governo fez muita pirotecnia, muita divulgação, para anunciar cinco financiamentos nos últimos meses. Mas a verdade é que quase ninguém conseguiu ter acesso”, diz Maricato. “Os financiamentos estão indo para as grandes empresas, mas não chegam nas pequenas e médias. Esse é o nosso maior problema”. Diante da incerteza, muitos empresários demitiram parte dos funcionários e, ainda, viram seus estoques, boa parte formada por alimentos perecíveis, serem perdidos. O financiamento, portanto, se faz necessário para que os estabelecimentos tenham capital de giro para poderem recontratar e recompor seus estoques.

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Na reabertura, os bares e restaurantes deverão funcionar seis horas diárias. O horário de almoço, por questões estratégicas e de segurança, será priorizado. Alguns estabelecimentos devem optar pelo horário das 11h às 17h, enquanto outros vão poder funcionar das 12h às 18h. Máscaras de proteção e uso de álcool em gel serão medidas obrigatórias para frequentar o espaço, tanto para funcionários tal como para os clientes, que apenas poderão tirar o acessório de proteção durante o consumo — aqueles que não cumprirem as medidas, poderão ser impedidos de acessar os compartimentos. Bares e restaurantes ainda terão de reforçar a higienização de mesas e cadeiras. Alguns shopping centers estão disponibilizando lavabos próximo à praça de alimentação. Para evitar aglomeração e respeitar as medidas de isolamento social, menos de 50% da lotação usual será permitida — os clientes, ainda, serão proibidos de ficar em pé nos espaços. Para defensores do happy hour, frequentar as casas, diante de tantas medidas restritivas, será frustrante. Antes isso ao acelerar o contágio do vírus.

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