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Relato: É desesperador ficar horas ilhada em rodovia no meio da tempestade

Jornalista narra a angústia de estar em meio ao caos e conta a saída encontrada pelo motorista de ônibus para desistir do destino e pegar o retorno

Por Larissa Quintino
Atualizado em 10 fev 2020, 12h34 - Publicado em 10 fev 2020, 12h05

Todos os dias percorro cerca de 50 km para ir da minha casa, em Jundiaí (SP), até a redação de VEJA, na zona oeste do município de São Paulo. A cidade foi escolhida por meus pais há duas décadas por alguns motivos, entre eles a qualidade de vida e a liberdade maior de ir e vir. Nesta segunda-feira, 10, ao começar a me preparar para ir ao trabalho, percebi que a situação era crítica, mas mantive a rotina. Mesmo ouvindo as notícias sobre a forte chuva e algumas ruas alagadas, achei que conseguiria chegar. Ledo engano: fiquei três horas e meia dentro do ônibus, ilhada na rodovia dos Bandeirantes – uma das melhores do país – sem ter como ir para frente ou para trás. É desesperador.

A falta de preparo de uma grande metrópole mundial como São Paulo para enfrentar tempestades, ao mesmo tempo que assusta, não surpreende. Os temporais alagam vias e impedem que as pessoas se desloquem. Para agravar o cenário, prestadores de serviços não são capacitados para enfrentar a situação. No ônibus em que estou, por exemplo, o motorista pediu para que os passageiros fizessem uma votação para ver se todos concordariam que ele pegasse o retorno e voltasse para o interior – já que chegar à capital estava sendo impossível. Isso porque, a orientação da empresa é seguir pelo alagamento e deixar as pessoas na rodoviária. Depois disso, o problema não é mais deles: a empresa, inclusive, avisou que não está vendendo passagem de volta para hoje.

A cada ligação desesperada dos passageiros para seus chefes em relatar a situação, a perplexidade e o conformismo no rosto de todos são visíveis: São Paulo é refém da sua falta de estrutura e um claro retrato do despreparo que o Brasil vive e precisa se desenvolver. Um temporal aprisiona boa parte da força trabalhadora em ônibus, trens, metrôs, carros ou dentro de suas casas. Quanto custa um dia de trabalho perdido, seja para o trabalhador sujeito a ter seu dia descontado, a uma empresa que interrompe a linha de produção e até mesmo para a economia do país?

Tragédias acontecem em todos os lugares, mas não podemos nos dar ao luxo de aceitarmos esse tipo de situação. A cada dia que uma metrópole brasileira para pela falta de estrutura é um passo para trás que se dá no crescimento do país. No caso da economia, o retorno não é opção. Aguardo que seja a minha, para que eu possa de alguma forma, dar seguimento aos compromissos do dia.

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