Reforma da Previdência é preocupação predominante, diz presidente do BC
Segundo Roberto Campos Neto, tramitação da proposta é o principal fator de risco analisado pelo órgão para definir a taxa básica de juros
O presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto, afirmou nesta quinta-feira, 4, que entre os riscos analisados pelo órgão para a decisão da taxa básica de juros, a Selic, a preocupação principal é a com a reforma da Previdência. “Não é um sistema mecânico, mas vamos aguardar para ver como esses fatores (de risco) se comportam e vamos fazer uma análise”, disse ele, em evento na cidade de São Paulo.
Campos Neto ressaltou que o debate é sobre intensidade, não sobre sinal. “Queremos garantir inflação de longo prazo na meta com credibilidade”, disse ele. As afirmações do presidente do BC seguem o tom adotado pelo Comitê de Política Monetária do Banco Central (Copom) no comunicado de sua reunião mais recente, em que manteve a Selic em 6,5% ao ano, taxa mais baixa da história.
No comunicado, o colegiado enfatizou que a continuidade do processo de reformas é essencial para a queda da taxa de juros e para a recuperação sustentável da economia. “O Comitê ressalta ainda que a percepção de continuidade da agenda de reformas afeta as expectativas e projeções macroeconômicas correntes. Em particular, o Comitê julga que avanços concretos nessa agenda são fundamentais para consolidação do cenário benigno para a inflação prospectiva”, informou o Copom.
Segundo economistas ouvidos por VEJA, as reuniões mais recentes do Copom indicam que o órgão espera um cenário mais concreto, como a aprovação da reforma no plenário da Câmara dos Deputados, para discutir com mais ênfase o corte de juros. A queda da Selic já é debatida por agentes econômicos, que veem no mecanismo uma medida de estimular a economia, que tem atividade fraca até então em 2019. No 1° trimestre deste ano, o crescimento Produto Interno Bruto (PIB) do país foi de 0,2%, em comparação aos três últimos meses de 2018.
A reforma da Previdência foi aprovada nesta quinta-feira na comissão especial da Câmara e segue agora para o Plenário. A expectativa do governo é votar o texto até o dia 18 de julho, quando os parlamentares entram em recesso.
No mesmo evento, Campos Neto disse que a instituição tem uma “enorme preocupação” com o crescimento econômico, mas que o receituário para a expansão da economia é a manutenção da inflação sob controle em regime que tenha credibilidade.
“A diferença não está na identificação, mas sim na receita. Achamos que o receituário é inflação sob controle num regime de credibilidade, é muito importante”, disse, em sessão de perguntas e respostas em evento da XP Investimentos, após concluir sua apresentação. Além disso, ele ressaltou que, no passado, houve redução da Selic sem credibilidade. “Caiu o juro e o que se produziu foi aperto, porque não tinha credibilidade”, afirmou ele.
(Com Estadão Conteúdo)