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Quer ser um bilionário? Abra um banco no Brasil

Dos 30 integrantes do país no ranking de fortunas da revista americana Forbes, 13 têm sua riqueza ligada ao setor bancário

Por Beatriz Ferrari
16 mar 2011, 08h04

O ranking das pessoas mais ricas do mundo em 2010, divulgado na semana passada, evidenciou um traço particular da economia nacional: 13 dos 30 integrantes do país na relação da revista americana Forbes têm suas fortunas oriundas do setor bancário. Essa expressiva participação de banqueiros – que não se repete nos países desenvolvidos nem nos emergentes, em cujas listas há predomínio de empresários dos mais diversos setores produtivos – evidencia como o modelo econômico do Brasil cria condições para o florescimento do mercado financeiro, na mesma medida em que retarda o aparecimento de novos bilionários ligados à economia real.

Dos 12 novos integrantes brasileiros do ranking, sete são antigos acionistas do Itaú Unibanco, o segundo maior banco do país. Em 2010, o Itaú registrou o maior lucro da história dos bancos brasileiros, de 13,3 bilhões de reais, com alta de 32,3% na comparação com 2009. Outros dois estreantes são acionistas do Bradesco, o terceiro maior banco nacional.

Segundo analistas ouvidos pelo site de VEJA, a primeira conclusão a que se chega é que a taxa de juros no país, uma das mais altas do mundo, tende a impulsionar as margens de lucros das instituições financeiras. A taxa básica de juros da economia, a Selic, fechou 2010 em 10,75% ao ano. Em 2011, já no governo Dilma, passou a 11,75% ao ano, após duas altas consecutivas de 0,5 ponto porcentual realizadas pelo Banco Central, em sua tarefa de impedir o avanço da inflação. “Esse quadro é resultado de um estado gastador que precisa segurar a economia via altas taxas de juros”, explica Alexandre Assaf Neto, professor de finanças da Universidade de São Paulo (USP).

Na visão do economista José Márcio Camargo, da Opus Consultoria, há outras razões que determinam o fenômeno. Ele afirma que – embora o país seja um importante produtor de commodities e tenha se beneficiado da alta dos preços destes produtos, como petróleo e minério de ferro – ainda não “deu tempo” de o Brasil gerar muitos bilionários. A explicação é que as grandes companhias desses setores eram estatais até pouco tempo atrás, no caso da Vale, ou ainda são estatais, como a Petrobras. “Com exceção do Eike Batista, ainda não se gerou nenhum outro bilionário de peso”, afirma. Camargo também avalia que a industrialização brasileira foi calcada em investimento direto estrangeiro e, portanto, os donos e executivos das multinacionais não moram no país.

Por fim, a menor concentração de bilionários ligados à economia real do Brasil na lista da Forbes também é conseqüência dos problemas estruturais do país, que impedem que as empresas, sobretudo a indústria, sejam tão lucrativas como as estrangeiras. O Brasil figura atualmente na 58ª colocação no ranking de competitividade do Fórum Econômico Mundial e sua posição é determinada por questões já muito familiares aos empresários locais, como a infraestrutura insuficiente, a carga tributária sufocante, a falta de mão de obra qualificada e – por que não? – os juros altos. “O juro alto impede o crescimento das empresas. Uma taxa menor possibilitaria que o empresário tomasse dívida para fazer a empresa crescer”, explica Márcio Garcia, professor de economia da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio). Logo, teríamos mais bilionários.

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