Projeção do PIB fica próxima de zero em 2022 e também recua para 2023
Analistas revisaram de 0,36% para 0,28% a estimativa para crescimento para este ano e de 1,80% para 1,70% no próximo; Selic deve fechar 2022 em 11,75%
A falta de otimismo do mercado financeiro é cada vez mais visível nas previsões dos economistas. De acordo com o Boletim Focus, divulgado nesta segunda-feira, 10, os analistas projetam logo neste início de ano um crescimento ainda mais baixo do país. A mediana das projeções aponta que o Produto Interno Bruto Brasileiro (PIB) deve avançar 0,28% ao final deste ano, demonstrando uma economia estagnada. Esta é a terceira semana consecutiva que a estimativa é revisada para baixo. No relatório anterior, divulgado pelo Banco Central, a perspectiva era de 0,36%. Os economistas também projetam desaceleração no PIB de 2023, com estimativa de avanço em 1,70%, abaixo dos 1,80% da semana anterior.
Como mostra VEJA desta semana, as previsões de crescimento da economia são as mais baixas para o início de um ano desde 2002, quando começou a série histórica do IBGE. A exceção é a recessão projetada em 2016, quando os economistas iniciaram o ano já prevendo o recuo de cerca de 3%. Segundo os analistas ouvidos pela reportagem, o mercado está realista devido à desaceleração já vista a partir de meados de 2021, cenário fiscal deteriorado, o desafio da conjuntura externa com inflação e a retirada de estímulos de grandes economias e o aperto fiscal.
Sobre a política fiscal, os economistas consultados pelo Banco Central apontam, no Focus desta semana, que a Selic deve sofrer mais um aperto até o fim do ano. Segundo as projeções, a taxa básica de juros deve chegar a 11,75% ao fim de 2022, acima dos 11,50% projetados na semana anterior e dos 9,25% vigentes atualmente. Vale ressaltar que a Selic iniciou 2021 a 2% ao ano, porém, teve sua pontuação ajustada durante 2021 devido a alta da inflação. Os analistas acreditam que o IPCA possa encerrar 2022 em 5,03%, índice acima tanto do centro da meta (3,5% para este ano), quanto para o teto (5,03%). A projeção dos analistas é que o índice tenha fechado 2021 em 9,99%. Nesta terça-feira, 11, o IBGE divulga o índice oficial de inflação do ano passado.