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Presidente do BC rejeita usar taxa de juros para conter alta do dólar

Presidente do BC negou que pense em deixar o cargo e afastou a possibilidade de encontros extraordinários do Comitê de Política Monetária

Por Redação
Atualizado em 7 jun 2018, 19h51 - Publicado em 7 jun 2018, 19h38

Após um dia de nervosismo no mercado financeiro, o presidente do Banco Central, Ilan Goldfajn, garantiu que a autoridade monetária continuará trabalhando com o Tesouro Nacional para oferecer liquidez aos mercados de câmbio e de juros “enquanto for necessário”. Ele ressaltou que o regime de câmbio flutuante é a primeira linha de defesa do país e rechaçou o uso da taxa de juros para controlar a taxa de câmbio.

“A política monetária é separada da política cambial, não há relação mecânica entre as duas. A política monetária olha para projeções, expectativas de inflação e balanço de riscos e não será usada para controlar taxa de câmbio”, disse Goldfajn.

 

O presidente do BC convocou a entrevista de hoje após o dólar fechar o dia em 3,9258 reais, uma alta de 2,28% em relação à cotação de quarta-feira. No mercado, havia quem sugerisse uma atuação mais firme do BC para conter a valorização da moeda americana.

Goldfajn disse que a autoridade monetária tem atuado para prover liquidez e continuará oferecendo contratos de swap. Ele destacou que o BC conta hoje com uma munição maior e vai oferecer 20 bilhões de dólares em swaps até o fim da semana que vem, “sem prejuízo de atuações adicionais”.

“Esse é seguro que contratamos no passado. Reduzimos o estoque de swaps quando estávamos no interregno benigno. Hoje estamos usando esse seguro e podemos ir além dos máximos históricos do passado”, disse o presidente do BC. Além do swap, Goldfajn também citou outros instrumentos como leilões de linha.

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O presidente do BC negou que pense em deixar o cargo e afastou a possibilidade de encontros extraordinários do Comitê de Política Monetária. Os próximos estão marcados para os dias 19 e 20 de junho.

Goldfajn buscou destacar os fundamentos sólidos da economia brasileira. “O balanço de pagamentos do Brasil é muito bom, nós temos uma conta corrente equilibrada. Nós esperamos que esse fluxo de conta corrente seja superavitário nos próximos 12 meses”, disse.

Testando o BC

Para os analistas, o mercado está testando os limites de atuação do BC. “O mercado começa a testar o limite de 3,90 reais para ver se esse seria o nível que o BC estaria disposto para defender a moeda”, considera o gestor de fundos da Horus GGR, Thiago Figueiredo. “O Banco Central até colocou um volume mais alto de swap no mercado, mas não foi suficiente para segurar o ímpeto comprador de dólar”, complementa Figueiredo.

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Além do ingresso de moeda estrangeira por conta do superávit esperado na conta corrente, o presidente do BC destacou o patamar significativo de investimento estrangeiro no país, de 3 4% do PIB. “Nosso balanço de pagamentos, quando comparado a outras economias, temos balanço de pagamentos muito mais confortável”, afirmou.

Influência externa

O presidente do BC iniciou a entrevista destacando que houve mudança relevante no cenário externo, principalmente em relação ao apetite por investimentos em mercados emergentes. “Observamos nos últimos meses e semanas uma mudança, que vem do exterior”, disse, citando a elevação na taxa de juros nos Estados Unidos como um dos fatores que tem revertido o fluxo de capitais. “Está ocorrendo choque externo”, afirmou.

(Com Estadão Conteúdo e Reuters)

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