Preços das commodities despencam com incertezas sobre a China
Incertezas sobre o crescimento chinês derrubaram preços, em especial de minério de ferro e cobre
Os preços das matérias-primas sofreram uma forte queda nesta segunda-feira afetados pela preocupação dos investidores com os rumos da economia chinesa, uma das maiores compradoras desse tipo de produto e a segunda maior economia do mundo.
Os analistas explicam o fenômeno com base em indicadores que mostram a queda no consumo na China, mesmo com os juros em patamares baixíssimos e as constantes intervenções do governo para movimentar a economia. “O mercado passou a questionar: não adianta estimular e reduzir compulsório, pois o crescimento não vem. Talvez o problema seja mais grave, a redução na confiança dos consumidores”, destaca Celson Plácido, da XP Investimentos. “A grande queda das matérias-primas é o reflexo do pessimismo sobre a China”, completa Daniel Ang, analista da Phillip Futures, de Cingapura.
Os operadores levam em conta que a economia chinesa terá o menor crescimento em 25 anos em 2015, de cerca de 7%. O avanço meteórico do PIB chinês nos últimos anos foi o grande responsável por manter os preços das commodities elevados. Fora isso, os especialistas avaliam que os valores serão impactados pelo recuo na atividade industrial da gigante asiática.
Leia mais:
Após queda histórica do índice Dow Jones, pânico diminui no mercado
Bovespa reduz perdas após anúncio de corte de ministérios
O barril de petróleo nos Estados Unidos fechou abaixo do patamar simbólico dos 40 dólares, a 38,24 dólares, o menor preço desde fevereiro de 2009. Outras commodities necessárias para as fábricas, como o cobre e o alumínio, também chegaram a níveis não vistos em muito tempo.
O cobre, cujo preço é considerado um termômetro por seu amplo uso em todos os setores da indústria, caiu abaixo dos 5.000 dólares por tonelada pela primeira vez desde a crise financeira de 2008, enquanto o alumínio desceu ao nível mais baixo em seis anos.
Segundo o Índice Bloomberg, que enumera os preços de 22 matérias-primas (de ovos a ouro), os valores recuaram ao nível mais baixo desde agosto de 1999 – ou seja, o menor do século.
Os investidores começam a temer seriamente que a debilidade da economia chinesa cause um efeito em cadeia e acabe afetando toda a economia mundial. Entre meados de junho e o fim de julho, a Bolsa de Xangai perdeu quase 30% de seu valor, levando o governo a adotar medidas drásticas, como a forte desvalorização da moeda nacional para tranquilizar o mercado. Essas medidas foram interpretadas pelos investidores como um sinal de que os problemas enfrentados pela economia chinesa são maiores do que se imaginava.
“O mercado espera algo mais incisivo, pois não está acreditando que esta é a melhor hora para comprar ações chinesas”, avalia Paulo Figueiredo, diretor de operações da FN Capital, Paulo Figueiredo.
Leia também:
Seis coisas que você deve saber sobre a queda das bolsas
Bovespa fecha em queda de quase 3% – menor patamar desde 2009
(Com agência AFP)