Prazo de financiamento muito longo pode sair caro
Alguns brasileiros, ao estenderem os prazos de financiamento para que a parcela 'caiba' no bolso, incorrem em custos muitos elevados
O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central acaba de anunciar a elevação da taxa básica de juros (Selic) em 0,50 ponto porcentual para 10,75% ao ano. A alíquota é a maior desde junho de 2009. A despeito deste último aumento, a Selic prossegue num patamar relativamente baixo, próximo da média dos últimos dois anos.
Tal evolução dos juros teve impacto direto no consumo do brasileiro e a principal determinante disso foi o fato de as prestações terem ficado mais suaves. Quer seja por meio do cartão, quer pelo financiamento junto a bancos ou financeiras das redes varejistas, ficou mais fácil comprar. De quebra, o brasileiro viu-se beneficiado por outro ciclo benigno, de elevação da renda nacional. Tudo isso associado ao controle da inflação.
O problema, alertam os economistas, é que as famílias estão comprometendo cada vez mais a sua renda com o pagamento de dívidas. Tal comportamento está diretamente ligado ao fato de muitos consumidores se importarem apenas com um aspecto: se a parcela de um determinado financiamento cabe ou não ‘no bolso’. Em resumo, as pessoas negligenciam ou dão pouca importância ao custo real do crédito.
Um eletrodoméstico, à medida que aumenta o número de prestações, fica exponencialmente mais caro, a ponto de o valor pago ser quase o dobro do custo à vista se o parcelamento for em dois anos. Aqui cabe uma ressalva. Muitas lojas apregoam o chamado ‘parcelado sem juros’, escondendo o verdadeiro custo do empréstimo. Os juros referentes ao prazo máximo do financiamento estão, na verdade, embutidos no ‘preço de partida’. Tanto isso é verdade que muitas lojas oferecem ‘descontos’ no pagamento imediato (os chamados ‘descontos à vista’), que nada mais são que o preço de fato, sem os juros.
Os consumidores devem estar atentos à extensão dos prazos de amortização da dívida porque o varejo e os bancos costumam trabalhar com alíquotas maiores a partir de determinado número de meses. Em geral, a partir de 12 parcelas, o custo do financiamento já começa a subir.
No financiamento de veículos, os juros são menores e, grosso modo, não sofrem alteração ao longo dos meses. A explicação para isso é que o risco de inadimplência também é reduzido – pois, por contraro, o financiador pode retomar o bem em caso de inadimplência. Contudo, os prazos são significativamente maiores, o que impulsiona o custo do crédito.
Enfim, prefira, se possível, prazos curtos. De preferência, pague à vista. E, nesse caso, não se esqueça de exigir um bom desconto.
Lavadora de roupas
Condição de pagamento Prestação (R$) Valor efetivo (R$)
à vista 1 000
3x 347 1 041
6x 178 1 068
12x 95 1 140
20x 75 1 500
24x 82 1 968
TV LCD
Condição de pagamento Prestação (R$) Valor efetivo (R$)
à vista 2 500
3x 863 2 589
6x 445 2 670
12x 235 2 820
20x 188 3 760
24x 205 4 920
Automóvel – zero quilômetro
Condição de pagamento Prestação (R$) Valor efetivo (R$)
à vista 35 000
Para uma entrada de 10 000,
6x 4 735 38 410
12x 2 514 40 168
24x 1 408 43 792
36x 1 043 47 548
48x 866 51 568
Fonte: redes de varejo e concessionárias