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Por que o balanço do Bradesco prenuncia um futuro sombrio para o país

Lucro despencou devido ao aumento do provisionamento — ou seja, o banco reservou um grande volume de recursos prevendo alta dramática da inadimplência

Por Machado da Costa Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 30 abr 2020, 16h45 - Publicado em 30 abr 2020, 15h55

O segundo maior banco privado do país, o Bradesco, publicou nesta quinta-feira, 30, seu balanço. Nele, chama atenção uma queda do lucro da ordem de 39,1% — para 3,7 bilhões de reais. Isso aconteceu não porque as margens diminuíram ou porque o volume de pagamentos de empréstimos caiu, mas porque o risco das operações do banco aumentou significativamente, forçando o Bradesco a aumentar a provisão para inadimplência. O resultado desta elevação se dá a partir de uma aversão maior ao risco por parte do banco, o que refletirá em um menor volume de empréstimos para clientes necessitados e em juros maiores nas operações. “A demanda de recursos novos passará por um crivo acentuado e pode ter juros e spreads um pouco maiores”, afirmou Octavio de Lazzari Junior, presidente do Bradesco, em teleconferência.

O Bradesco foi o primeiro a publicar as finanças do primeiro trimestre, já impactadas pela Covid-19. Como os bancos brasileiros, devido à falta de concorrência, movimentam-se de forma uniforme, é esperado que isto aconteça também com outros bancos privados, como o Itaú e o Santander. Seria normal que estes outros dois tomassem as mesmas precauções, reduzindo o lucro e aumentando as provisões. Não é à toa que, não só as ações do Bradesco caem (-6,2% às 15h50), mas as de Itaú (-3,5%) e Santander (-5,3%) seguiam o mesmo caminho.

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As movimentações dos bancos vão exatamente na direção contrária das necessidades da economia brasileira. Desde 2016, as atuações do Banco Central têm permitido uma queda vertiginosa dos juros bancários, mas não é isso o que tem acontecido. A taxa básica de juros caiu do patamar de 14,25% para 3,75%. Mais de 300 bilhões de reais em depósitos compulsórios foram liberados neste período para dar liquidez aos bancos. Até mesmo a Contribuição Social sobre Lucro Líquido (CSLL) caiu de 20% para 15%. Apesar disso, a taxa de juros média cobrada de pessoas físicas passou de 63,7% ao ano em dezembro de 2016 para 46,1% ao ano em abril deste ano — em grande parte, por causa da limitação das taxas cobradas no cheque especial de 8% ao mês.

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No momento em que o a população e as pequenas empresas mais precisam do crédito para manter as finanças estáveis, os bancos decidem elevar brutalmente suas provisões, encarecendo o mercado. No caso do Bradesco, foram 2,7 bilhões de reais de aumento, totalizando 5,1 bilhões de reais — ou seja, mais que dobrou de um trimestre para outro. Esse volume de recursos é o quanto o banco disponibiliza para cobrir possíveis inadimplências. O tamanho da provisão representa o temor e também o nível de risco que o banco aceitará para emprestar. Quanto maior, menor a vontade de liberar recursos.

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