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Por que a alta nas commodities indica a melhora gradual da economia

Alta em ações de petroleiras e mineradoras indica reaquecimento da indústria; notícia é especialmente boa para o Brasil, exportador de commodities

Por Luisa Purchio Atualizado em 22 jun 2020, 12h49 - Publicado em 22 jun 2020, 12h44

Ainda sob o forte baque da Covid-19 na bolsa de valores, na indústria e no comércio em todo o mundo, uma luz no fim do túnel começa a surgir e injetar ânimo na economia: a recuperação do mercado de commodities. Após uma queda na oferta e na demanda dessas mercadorias, elas voltaram a ser procuradas e seus preços estão crescendo gradualmente, junto com a abertura de atividades não essenciais e do fim do lockdown nos países desenvolvidos. Em crises econômicas anteriores, a valorização das commodities foi um importante indicador de que a economia estava começando a se recuperar e, no caso do novo coronavírus, não é diferente. O índice de Commodity da Bloomberg na manhã desta segunda-feira, 22, operava em alta de 0,31%, acompanhando a subida gradual que vem ocorrendo desde o dia 12 de maio, quando países como os Estados Unidos começaram a se preparar para sair do isolamento social.

Nunca a vida cotidiana teve um impacto tão claro às subidas e descidas das bolsas de valores globais quanto o que ocorre com o novo coronavírus e as commodities. Afinal era difícil de imaginar que deixar de ligar o carro para ir trabalhar poderia derrubar as ações da Petrobras. Individualmente, essa paralisação não tem efeito algum, mas em massa ela tem um impacto e tanto. É por isso que a volta da vida às ruas está influenciando diretamente no preço das commodities energéticas e minerais. Como as pessoas estão voltando a viajar, mesmo que para cidades vizinhas, a demanda por gasolina está aumentando e, consequentemente, as ações ligadas ao petróleo também. Desde o dia 23 de março, quando as ações da Petrobras caíram drasticamente, elas vêm subindo pouco a pouco, assim como o preço do Petróleo Brent Futuros. Na manhã de hoje, ele operava em alta de 0,36%, sendo vendido a 42,38 dólares. Já a gigante americana de petróleo e gás Exxon Mobil Corp operava em alta de 0,04%, a 46 dólares.

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O mesmo acontece com o mercado de minérios, produto muito utilizado pela construção civil. Para se ter ideia de sua importância para o Brasil, ele é um dos itens mais exportados pelo país, depois de soja e óleos brutos de petróleo. Quando suas vendas caem, as consequências para a economia vêm em efeito dominó. “Os setores que mais sofreram no Brasil foram os das commodities energéticas e de minérios. Isso foi muito ruim porque elas impactam na balança comercial, na arrecadação fiscal principalmente do estado do Rio de Janeiro e também no próprio setor”, diz Silvia Maria Matos, economista e pesquisadora do FGV/Ibre. Apesar da queda, o setor de minérios também está se recuperando gradualmente. Na manhã desta segunda, as ações da Vale no Ibovespa operava em 55,17 reais, acima dos dois meses que antecederam a pandemia. Já a mineradora americana Freeport-McMoRan Inc na manhã de hoje operava em alta de 2,57%, a 10,77 dólares.

Além da gradual abertura da economia, alguns fatores contribuem para a recuperação desse mercado. O principal deles é a volta da abertura econômica da China, principal consumidora de matérias-primas do mundo e a principal importadora brasileira – em 2019, ela importou 28,1 por cento de todas as exportações brasileiras, o equivalente a 63,36 bilhões de dólares. Depois da China vem os Estados Unidos, com 13,2 por cento e 29,72 bilhões de dólares, de acordo com a Abracomex. Por isso, os incentivos governamentais de trilhões de dólares feitos pelo governo americano são benéficos ao Brasil, porque contribuem com a recuperação do emprego e pelo consumo nos Estados Unidos e, consequentemente, no consumo de commodities de todo o mundo.

Se por um lado o fato de o Brasil exportar muita matéria prima de baixo valor agregado, como é o caso das commodities, é ruim porque não gera um lucro tão alto, por outro deixa o País resiliente às crises. É o caso das commodities agrícolas, como a soja, que não sofreram grandes impactos na pandemia, afinal alimento é mercadoria de primeira necessidade. “O agronegócio nos ajuda a sobreviver a crises porque é um setor praticamente imune. Você consegue montar a indústria em outros países, mas commodities não”, diz Silvia, da FGV/Ibre. Apesar do otimismo, ainda é cedo para grandes comemorações. A subida das commodities depende da abertura econômica, que por sua vez depende do controle da pandemia. Nos Estados Unidos, o número de casos está aumentando. Por isso, a duração deste ciclo de bonança ainda é imprevisível.

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