Por Andy Bruce
LONDRES, 20 Jun (Reuters) – O resultado das eleições na Grécia deu mais tempo para a zona do euro resolver a crise da dívida soberana, mas não há nada impedindo que anos de dificuldade econômica assombrem a Grécia, Portugal e Espanha, de acordo com pesquisa da Reuters publicada nesta quarta-feira.
Mas a Espanha deve evitar um resgate soberano, apesar do estado crítico de seu setor bancário.
Ao passo que as negociações continuam em Atenas para a formação de um governo viável, economistas entrevistados desde a eleição do fim de semana deram amplo apoio à continuidade da adesão da Grécia na zona do euro.
Apenas três dos 19 economistas pensam que a Grécia irá deixar a zona euro em algum momento, enquanto mais de um terço dos entrevistados numa grande pesquisa realizada na semana passada acreditava que a união monetária não sobreviveria intacta ao longo dos próximos 12 meses.
A percentagem dos economistas prevendo que a zona euro vai sobreviver na sua forma atual tem aumentado desde maio e agora está de volta na máxima de 84 por cento, valor visto pela última vez na pesquisa de janeiro.
“O resultado das eleições gregas deu tempo para a zona euro tentar implementar um novo programa para apoiar a Grécia numa perspectiva de longo prazo”, disse o economista do Natixis, em Paris, Jesus Castillo.
“Portanto, mesmo se as pressões sobre os títulos (do governo) da Espanha continuem elevados, eles devem se beneficiar de um ligeiro abrandamento. Dito isso, a Espanha vai depender da vontade do BCE (Banco Central Europeu) para apoiá-la no curto prazo.”
Embora os rendimentos dos títulos do governo espanhol caíram ligeiramente na quarta-feira, o papel de 10 anos ainda está perto da marca de 7 por cento, o que os analistas dizem não ser sustentado por muito tempo sem que o governo busque ajuda externa.
Ainda assim, apenas cinco dos 17 economistas acredita que Espanha irá precisar de um resgate soberano até o final deste ano.
A pesquisa da semana passada mostrou que uma pequena maioria -35 de 59- acreditava que um resgate era “provável” ou “muito provável” nos próximos 12 meses.
SEM CRESCIMENTO NA GRÉCIA
A Grécia, como sugerido em pesquisas anteriores, não verá um retorno ao crescimento econômico em breve. Economistas esperam que a atividade do país irá contrair 5,8 por cento este ano, e depois 1,3 por cento no próximo ano, de acordo com as medianas das projeções coletadas.
Isso significa que as perspectivas de crescimento para a Grécia foram diminuídas em cinco pesquisas consecutivas.
A taxa de desemprego -que atingiu o recorde de 22,6 por cento no primeiro trimestre- deverá subir para 23,4 por cento até o final do próximo ano.
A pesquisa mostrou ainda períodos sombrios à frente para a Espanha. A economia espanhola vai contrair cerca de 1,5 por cento este ano e 0,7 por cento no próximo ano, segundo a pesquisa -números muito mais pessimistas do que as previsões do Fundo Monetário Internacional (FMI) de abril, que sugeriram uma boa chance do país retornar ao crescimento no próximo ano.
Dezoito dos 25 colaboradores entrevistados reduziram suas perspectivas de crescimento para a Espanha para o próximo ano.
A taxa de desemprego da Espanha também deve subir mais. Apenas dois dos 14 analistas previram que a taxa irá cair no próximo ano, com a mediana das expectativas sugerindo que ela possa, eventualmente, ultrapassar 25 por cento.
Apenas a Irlanda, do grupo dos países resgatados, terá algum tipo de melhora significativa, de acordo com a pesquisa. A mediana das expectativas de 25 economistas mostrou que a economia do país terá 0,2 por cento de crescimento neste ano e 1,5 por cento em 2013, quando o desemprego provavelmente começará a cair.
(Pesquisa e análise de Namrata Anchan e Deepti Govind)