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Os motivos que fazem o mercado apostar em mais um corte na Selic

Mercado projeta que o ano encerre com a Taxa Selic em 11,75%, a menor dos últimos 21 meses, e uma inflação de 4,51%

Por Luana Zanobia 13 dez 2023, 07h59

Segundo o último Boletim Focus, divulgado no dia 11, um dia antes do início da reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), a expectativa do mercado é que o ano de 2023 encerre com a Taxa Selic em 11,75% e uma inflação de 4,51%. Essa expectativa considera que há espaço para mais um corte de 0,50 ponto percentual na taxa de juros. Se confirmado, esse será o menor patamar da Selic dos últimos 21 meses. 

O último encontro do Comitê de Política Monetária (Copom) decidiu pela redução da Selic para 12,25%, marcando o terceiro corte consecutivo. Desde então, indicadores econômicos apontam para uma melhora no cenário com o andamento de algumas pautas fiscais, como a aprovação da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) da reforma tributária pelo Senado Federal, e de medidas que visam aumentar a arrecadação federal, como a aprovação da taxação dos fundos exclusivos e offshore.

O Ministro da Fazenda, Fernando Haddad, expressou sua esperança de que a Selic caia para 11,75%, alegando a queda da inflação e a depreciação do dólar como fatores favoráveis para mais um corte na Selic.

O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, também deu indicativos positivos para a continuidade de cortes ao avaliar os recentes dados de inflação. Um ponto de destaque nas declarações do presidente do BC foi a observação de que a inflação de serviços brasileira ficou abaixo da dos Estados Unidos pela primeira vez em muitos anos. Essa constatação, segundo Campos Neto, cria espaço para a redução dos juros e reforça a busca pela convergência.

Ele afirmou que o país está no caminho para ficar dentro da meta estabelecida para 2023 e 2024, considerando apropriado o ritmo de cortes nos juros promovido pela autoridade monetária, mas alertou que o “processo de desinflação não está ganho, mas está se encaminhando conforme o esperado”, durante um evento da Frente Parlamentar do Empreendedorismo.

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De acordo com o Índice Equus de Precificação da Selic (IEPS) da Equus Capital, a probabilidade de corte indicada pelo mercado, neste momento, é de 98,0%. Na semana anterior, este percentual era maior, de 98,9%.  Entre os dados, estão as negociações de Contrato de Opção de Copom que formam grandes “palpites” coletivos sobre como a taxa Selic vai (ou deveria) se comportar no futuro. Esses contratos são uma forma dos investidores mostrarem o que eles acreditam que ocorrerá nas reuniões futuras do Copom. Na semana passada, existiam 42.485 contratos em aberto. Agora, este número subiu para 43.325, aumento de 2,0% na última semana. “O aumento moderado no número de contratos reflete uma estabilização no interesse do mercado em relação às políticas do Banco Central e aos indicadores econômicos vigentes. Este crescimento de apenas 2,0% na última semana sugere que, embora exista uma conscientização contínua sobre as mudanças potenciais na taxa Selic, o ambiente de incerteza e expectativa em relação ao futuro da política monetária parece estar se equilibrando”, avalia Felipe Uchida, diretor do departamento de análises quantitativas e sócio da Equus Capital.

Apesar de alguns riscos no cenário fiscal e as incertezas globais, é unânime entre os economistas o corte de 0,50 ponto percentual na última reunião do ano. Segundo Cristiane Quartaroli, economista do Banco Ouribank, o Banco Central deverá manter o atual ritmo de corte da Selic. “O Banco Central iniciou essa trajetória de diminuição da taxa básica de juros, mencionando-a em seus últimos comunicados, na ata e nos pronunciamentos pós-decisão. Diante desse contexto, não se espera que a instituição modifique o ritmo de corte neste momento”. Apesar de manter o ritmo no corte, a economista alerta que embora os dados de inflação tenham apresentado uma redução significativa desde meados do ano, ainda estamos diante de uma projeção inflacionária acima da meta, tanto para 2023 quanto para 2024.

Segundo Daniel Mariga, o ponto principal será qual o tom da ata para os próximos anos. “Se continuarmos com as falas de continuidade no corte de juros, devemos ter uma melhora na performance tanto da bolsa quanto para ativos de renda fixa atrelados ao IPCA e prefixados. Caso vier com um tom mais duro, teremos um final de ano conturbado”, diz. Nos Estados Unidos, a expectativa é de manutenção da taxa de juros após os dados do relatório de empregos (payroll) registar criação de empregos maior que o esperado. “Seria muito bom termos cortes nos EUA, assim como temos no Brasil, mas dificilmente isso ocorrerá no curto prazo”, diz. Isso porque a economia norte-americana ainda está aquecida, com um alto número de empregos. “Provavelmente, a taxa de juros deve permanecer nos níveis elevados por um tempo. “A taxa de juros elevada por mais tempo nos EUA pode atrair fluxo de investimentos para a nação norte-americana, tendo em vista a redução do diferencial de juros, o que contribuiria negativamente para o câmbio e pressionaria os preços no Brasil. “O Brasil acaba perdendo um pouco da atratividade internacional, o que faz com que os grandes fundos de pensão destinem menos recursos ao Brasil. Porém, ainda temos uma das maiores taxas de juros reais do mundo, mostrando espaço para cortes na Selic atual”, pontua.

Para Gustavo Cruz, estrategista da RB Investimentos, a decisão que se desenha para a última reunião do ano já está posta na mesa. No entanto, o especialista sugere cautela na reunião de janeiro. “É desafiador prever qual seria a abordagem mais apropriada, especialmente considerando que a ideia de um corte mais expressivo já em janeiro, na primeira reunião de 2024, pode não ser a melhor opção, dada a alternância e volatilidade do cenário econômico”, diz.

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