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OCDE vê crescimento global maior sem tensão comercial com EUA

Instituição considera aumento de impostos sobre aço e alumínio um risco a crescimento e empregos

Por Estadão Conteúdo
Atualizado em 13 mar 2018, 10h44 - Publicado em 13 mar 2018, 09h42

Cortes de impostos e o aumento de gastos públicos nos Estados Unidos provavelmente irão impulsionar o crescimento da economia global neste e no próximo ano. Mas este quadro favorável pode ser contrabalançado por uma escalada das tensões comerciais segundo relatório trimestral divulgado hoje pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE).

A avaliação ocorre em meio a reações negativas de vários países, incluindo o Brasil, e da Organização Mundial do Comércio (OMC) sobre a decisão americana de sobretaxar importações de aço e alumínio, anunciada na última semana, A União Europeia ameaçou retaliar, sobretaxando produtos americanos e adotando outras medidas de proteção.

No documento, a OCDE prevê expansão mais forte para grandes economia este ano, incluindo “significativa” aceleração nos EUA, Alemanha, França, México, Turquia e África do Sul. Já o crescimento de outras economias relevantes deverá perder força, mas não tanto quanto a OCDE imaginava quando divulgou suas projeções anteriores, em novembro.

O que mudou desde então foi o fato de o Congresso americano ter aprovado abrangentes cortes de impostos e mais gastos federais em dezembro e fevereiro, respectivamente. Na visão da OCDE, essas medidas ajudarão a economia dos EUA a crescer 2,9% em 2018 e 2,8% em 2019. As estimativas anteriores do grupo eram de altas de 2,5% este ano e 2,1% no próximo.

Considerando-se também o auxílio de um estímulo orçamentário mais modesto na Alemanha, essa combinação de fatores deverá levar a economia global a crescer 3,9% tanto em 2018 quanto em 2019, ante projeções anteriores de 3,7% e 3,6%. “Isso está bem perto da média histórica”, comentou Álvaro Pereira, economista-chefe interino da OCDE. “A economia mundial está bem mais forte do que costumava ser”.

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Mas há nuvens no horizonte, de acordo com a OCDE, uma vez que a aceleração da economia pode ser comprometida por uma série de aumentos tarifários iniciada com a recente decisão dos EUA de taxar importações de aço e alumínio.

Citando o impacto negativo de disputas comerciais anteriores no crescimento e empregos, a OCDE apelou a parceiros comerciais dos EUA que não se apressem em retaliar Washington. “A escalada (das tensões) não é um caminho que queremos percorrer porque sabemos, com base na história, o que acontecerá”, disse Pereira, um ex-ministro da Economia de Portugal. “A escalada normalmente tem resultados bem ruins para todo mundo. É importante apostar em soluções globais para o excesso de capacidade na indústria siderúrgica”.

A OCDE também elogiou os passos que os principais bancos centrais do mundo vêm dando para reduzir os estímulos monetários que vinham fornecendo para estimular o crescimento econômico. “Estamos finalmente saindo do legado da crise financeira, em termos de política macroeconômica”, afirmou Pereira em entrevista ao The Wall Street Journal.

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Juros

Diante da expectativa de expansão mais forte dos EUA, a OCDE agora prevê que o Federal Reserve (Fed, o banco central americano) irá elevar seus juros básicos quatro vezes este ano e outras quatro vezes em 2019. Anteriormente, a OCDE projetava três aumentos por ano. A entidade também espera que o Banco Central Europeu (BCE) comece a reduzir seu programa de compra de ativos (conhecido como QE) ainda este ano e passe a elevar seu juro básico a partir de 2019.

No caso da zona do euro, a OCDE agora projeta crescimento de 2,3% em 2018 e de 2,1% no ano que vem, ante estimativas anteriores de 2,1% e 1,9%, respectivamente.

A OCDE, no entanto, apontou que há riscos na “normalização” das taxas de juros, diante dos elevados níveis de endividamento e dos altos preços dos ativos. “O período prolongado de taxas de juros em níveis baixos e a volatilidade encorajaram a maior tomada de riscos, deixando o sistema financeiro mais exposto a mudanças no sentimento do mercado, à medida que a política monetária se normaliza”, avalia a OCDE. “Novas tensões serão particularmente prováveis se as taxas forem alteradas abruptamente com um eventual aumento inesperado da inflação”.

Neste sentido, a OCDE ressalta que é “essencial” que os bancos centrais ofereçam “uma comunicação clara sobre a trajetória para a normalização”.

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