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O que pensam e prometem Kamala e Trump em quatro temas centrais da economia

Democrata e republicano abordaram questões sensíveis para os Estados Unidos e que têm impacto no Brasil

Por Camila Pati Atualizado em 11 set 2024, 14h18 - Publicado em 11 set 2024, 11h54

No primeiro encontro presencial da corrida presidencial norte-americana, Donald Trump e Kamala Harris falaram sobre temas sensíveis para a economia dos Estados Unidos, como inflação, impostos, imigração e tarifas contra a China. O debate realizado na cidade da Filadélfia, na Pensilvânia, estado-chave na decisão de eleições anteriores, pode ter favorecido a vice-presidente que conseguiu fazer o jogo de Trump, com provocações e deboche.

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Em diversos momentos, Kamala Harris tentou desestabilizar Trump dizendo que as pessoas deixam seus comícios entediadas e que o ex-presidente foi demitido por 81 milhões de eleitores, referindo-se aos votos recebidos por Biden. Vale lembrar que ela assumiu a candidatura democrata após a desistência de Joe Biden de buscar a reeleição e a decisão veio depois do fraco desempenho do presidente no primeiro debate das eleições. A eleição presidencial está marcada para o dia 5 de novembro.

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Confira o que disseram e como pensam os candidatos em quatro temas de economia:

Inflação

A inflação foi um dos grandes temas do debate. Donald Trump disse que os os EUA estão enfrentando “a pior crise inflacionária de sua história” e culpou a administração Biden. O republicano disse que seu governo não teve inflação e prometeu reconstruir a economia, como fez em 2019, dizendo que os EUA tinham uma das maiores economias pré-pandemia. No entanto, as estatísticas indicam que a inflação acumulada ao longo da presidência de Trump foi de cerca de 7,8%. No mês que deixou o cargo, a taxa de inflação anual foi de cerca de 1,4% em janeiro de 2021.

Kamala Harris defendeu que o governo Biden “limpou a bagunça deixada por Donald Trump”.  Disse que a inflação é uma preocupação, mas está em queda e o governo atual tem revertido os danos causados pela administração anterior. No início da presidência de Joe Biden, a taxa de inflação anual atingiu cerca de 9% (em junho de 2022). A taxa de inflação em julho de 2024 está em 2,9% ao ano, a mais baixa dos últimos três anos. 

China e tarifas de importação

Trump trouxe repetidamente a China para o centro do debate, prometendo retomar a sua política protecionista e aumentar as tarifas impostas durante seu primeiro mandato. Ele defende que o aumento das barreiras contra os produtos chineses vai fortalecer o país, embora especialistas alertem para um possível repasse dos aumentos aos consumidores, o que poderia pressionar a inflação. 

Estudos de bancos estrangeiros e brasileiros mostram que de maneira geral um imposto de 10% nas tarifas de importação global resultam em aumento de 1% na inflação. A reação disso é o Fed ter uma política de juros mais elevados e dólar mais fortalecido, o que é pior para o real e a política monetária do Banco Central brasileiro”, diz Igor Campos, portfólio manager de Renda Fixa da Gauss Capital.

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Kamala Harris afirmou que vai manter algumas tarifas sobre a China, mas com limitações para  tentar reduzir os impactos econômicos do aumento das taxas de importação.

Impostos e política fiscal

Kamala Harris segue a linha da administração Biden e defendeu o aumento de impostos para grandes corporações e os mais ricos e mais foco no corte de impostos para classe média.

No entanto, Harris e Biden divergiram em relação ao aumento do imposto sobre ganhos de capital, com ela apoiando uma taxa de 28%, abaixo dos 44,6% propostos por Biden. Kamala também defende o aumento da taxa de imposto corporativo de 21% para 28% e a expansão de créditos fiscais, como o crédito tributário para crianças de 6.000 dólares no primeiro ano de vida.

Conhecido pela reforma tributária de 2017, que reduziu a alíquota máxima de imposto de renda pessoal de 39,6% para 37% e a alíquota de imposto corporativo de 35% para 21%, Trump disse no debate que quer  estender os cortes de impostos de 2017. O republicano defende que as reduções impulsionaram a economia.

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“No aspecto de política fiscal a gente entende que há pouca diferenciação entre os dois candidatos, com poucos incentivos nos dois lados para gastar menos e fazer política de austeridade”, diz Campos.

Imigração

Trump reforçou a postura mais rígida sobre imigração, citando planos para deportar milhões de imigrantes. O republicano também disse que imigrantes  comem animais de estimação e que há grupos que chegam ao país vindo de prisões e instituições psiquiátricas.

“Veja o que está acontecendo com as cidades ao redor dos Estados Unidos (…) Em Springfield, eles (os imigrantes) estão comendo os cachorros, as pessoas que entraram, estão comendo os gatos, comendo os animais de estimação”. “Temos milhões de pessoas que chegam ao nosso país das prisões e dos presídios, das instituições psiquiátricas e dos manicômios.”

A política de imigração mais agressiva de Trump retira mão de obra, mexe com o mercado de trabalho e tem impacto direto na inflação, explica Igor Campos. “Com mercado de trabalho mais aquecido, menos mão de obra, a inflação aumenta, os juros tendem a ficar mais altos, o dólar sobe”, diz. 

Sob essa ótica, uma potencial vitória de Kamala Harris traria um problema de cenário a menos para o BC brasileiro enfrentar. A vice-presidente é mais aberta à questão da imigração e tem reafirmado conhecer o valor da força de trabalho estrangeira para o desenvolvimento do país.

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