O que Lula, Bolsonaro, Ciro e Simone já prometeram aos eleitores
No quarto dia de campanha, lista de promessas cresce; os quatro mais bem colocados nas pesquisas focam na manutenção do programa de transferência de renda
A campanha presidencial está oficialmente na rua desde terça-feira 16, e, com pouco tempo até o dia 2 de outubro, os candidatos passaram a despejar promessas para o eleitorado. Entre os quatro mais bem colocados nas pesquisas, todos têm algum tipo de proposta para programas de transferência de renda, indicando qual é a estratégia para tentar conseguir o voto dos mais pobres, como mostra reportagem de VEJA desta semana. Além de manutenção (ou aumento) dos 600 reais do Auxílio Brasil, tabela do imposto de renda, tributos sobre os combustíveis e renegociação de dívidas também despontam nas promessas nesses primeiros dias de campanha.
Líder nas pesquisas de intenção de voto, o ex–presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) prometeu reajustar a tabela do imposto de renda em seu primeiro ato oficial, se eleito. No dia seguinte, em entrevista à rádio Super de Minas Gerais, o candidato petista detalhou a proposta, dizendo que, além da correção pela inflação em todos os anos, a ideia é aumentar a faixa de isenção, de 1.903 reais hoje, para 5.000 reais, pouco mais de quatro salários mínimos. Atualmente, quem recebe nessa faixa é tributado em 27,5% da renda, o teto da tabela. A promessa mira o eleitorado com renda entre dois e cinco salários mínimos, no qual o presidente Jair Bolsonaro (PL) vem avançando e conseguiu equilibrar a vantagem que Lula tinha. “Vamos ter que discutir, porque, na hora que você fizer isso, você vai ter que deixar de arrecadar uma quantidade enorme de dinheiro que você vai ter que dizer de qual outra fonte você vai tirar recurso. Agora, o reajuste, independentemente de qualquer coisa, a gente vai fazer isso todo ano”, acrescentou.
Lula também sinalizou a continuidade dos 600 reais no programa de transferência de renda, que voltaria aos moldes e regras do Bolsa Família, substituído pelo Auxílio Brasil por Bolsonaro. Além de medidas com influência no bolso da população, o ex-presidente tenta se aproximar do empresariado e nesta semana afirmou em São Paulo que pretende criar um ministério da pequena empresa, além de renegociar as dívidas dos empresários. Entre as recriações de ministérios, Lula também fala em ministério para os negros e os indígenas.
Em suas aparições para falar com eleitores esta semana, o presidente Jair Bolsonaro enfatizou a continuidade em 2023 de duas medidas tomadas nas vésperas das eleições que miram justamente o aumento de sua popularidade. Além da manutenção do Auxílio Brasil no patamar que vem sendo pago neste ano, o presidente falou em manter a isenção de impostos federais nos combustíveis. A alíquota de Cide-Combustíveis e PIS/Confins foi zerada com a aprovação do projeto que estabeleceu um teto para o ICMS dos combustíveis em todo o país. Ao contrário do ICMS, que teve a redução de forma permanente, os impostos federais reduzidos valem até o dia 31 de dezembro, segundo a lei. “Hoje, tive mais uma conversa com parte da equipe econômica do Paulo Guedes sobre o Ploa (Projeto de Lei Orçamentária da União), o nosso orçamento para o ano que vem. Garantimos para o ano que vem continuar com zero imposto federal na gasolina, no diesel, no álcool e no gás de cozinha. Pedi para o pessoal ver agora se pode zerar também os impostos no querosene de aviação”, disse Bolsonaro na última quarta-feira. Outra promessa feita pelo capitão é o reajuste ao funcionalismo público. Neste ano, o governo sinalizou uma alta de 5%, mas não cumpriu e gerou paralisação de algumas categorias, como servidores do BC.
Ciro e Simone
Terceiro colocado nas pesquisas de intenção de voto, Ciro Gomes (PDT) fala em aumentar o programa de renda básica para 1.000 reais. Na terça-feira, em visita a uma comunidade em São Paulo, o pedetista afirmou que, se eleito, seu governo vai transferir mensalmente 1.000 reais a famílias que tiverem renda mensal de até 417 reais, pouco mais de um terço do salário mínimo vigente atualmente. “ O programa tem como pretensão erradicar a pobreza no Brasil de uma vez por todas e fazer uma seguridade social, protegendo nosso povo de ameaças, chantagens ou tentativas de suborno que acontecem nas épocas de eleições, como era com o PT e agora é com Bolsonaro”, afirmou. Ciro também retomou uma promessa de sua campanha de 2018, sobre o refinanciamento de dívidas para famílias incluídas em cadastros de inadimplentes, e também a renegociação para empresas.
Assim como seus adversários, Simone Tebet (MDB) não deixa de destacar a manutenção do programa de transferência de renda. Porém, nesta sexta-feira, 19, durante caminhada no centro de Diadema (SP) a candidata afirmou que a geração de empregos será o foco de sua gestão. “É preciso parar de enxugar o gelo. Temos que garantir a transferência de renda para quem mais precisa, porque quem tem fome tem pressa, então, o Auxílio Brasil permanece, mas com condicionantes. E vamos qualificar jovens, mulheres e trabalhadores. Paralelo a isso, como professora que sou, pela primeira vez na história do país, a educação vai ser prioridade nacional.”