Mercado vê inflação crescente e desacelera previsão de crescimento do PIB

Para analistas consultados pelo BC, pressão nos preços fará com que o IPCA encerre ano em 7,27%, 21ª revisão seguida, e o PIB a 5,22%, 3ª queda consecutiva

Por Larissa Quintino Atualizado em 30 ago 2021, 09h57 - Publicado em 30 ago 2021, 09h22

Inflação impacta nos preços no Supermercado — Mercado revisa projeção de inflação para cima pela 21ª semana seguida (Sebastião Moreira/EFE)

Analistas do mercado financeiro consultados pelo Banco Central subiram, mais uma vez, a estimativa para a inflação ao final de 2021. Segundo dados do Boletim Focus, divulgado nesta segunda-feira, 30, a mediana da projeção dos economistas aponta que o índice ficará em 7,27% ao final de 2021. Há uma semana, essa previsão era de 7,11%, e há um mês, de 6,79%. O Boletim Focus também aponta revisão para o Produto Interno Bruto. Para os analistas, a economia brasileira deve crescer 5,22% após a recessão do ano passado. A projeção, no entanto, é a terceira consecutiva para baixo. Há um mês, os economistas consultados pelo BC viam o PIB de 2021 a 5,30%.

No caso da inflação, o câmbio em patamar alto, a energia elétrica em alta, e a pressão em combustíveis e alimentos puxam o IPCA, índice oficial de inflação do país, para cima. A projeção desta semana está bem acima da meta estipulada pelo Conselho Monetário Nacional, que buscava 3,75% no ano, com margem de tolerância até 5,25%. Vale lembrar que, no ano passado, a inflação ficou em 4,52%, acima da meta de 4%, mas dentro da margem de tolerância. Caso a alta esperada pelo mercado para 2021 se confirme, o indicador terá acelerado mais que em 2016, quando teve alta de 6,29%. Em 2015, a alta foi de 10,67%.

A alta dos preços também já baseia projeções para 2022. A estimativa é que o indicador fique em 3,95%, sexta alta consecutiva na estimativa. A meta para inflação no próximo ano é de 3,5%, com margem de tolerância até 5%.

A consequência da inflação mais alta é a pressão na Selic, a taxa básica de juros da economia. Assim como na semana anterior, o mercado financeiro prevê que a taxa feche 2021 em 7,5% ao ano. A taxa, que iniciou o ano em 2%, está em 5,25%, após quatro altas seguidas e a previsão do mercado é que continue a acelerar. A alta dos juros para controle inflacionário encarece o crédito, e pode ter repercussões na recuperação da economia.

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PIB

Pela terceira semana seguida, Boletim Focus indica recuo na projeção para o PIB no ano. O mercado espera que o PIB feche o ano em 5,22%, variação negativa em 0,03 ponto percentual em relação à semana passada. Frente a estimativa de um mês atrás, o dado fica 0,08 ponto abaixo da previsão, de 5,30%. Para 2022, a estimativa é de 2%.

Nesta quarta-feira, 1º, o BC divulga o resultado da economia no segundo trimestre. De acordo com o Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br) em junho, considerado a prévia do PIB, o índice foi pressionado para baixo pelas vendas do varejo, mas neutralizado pelo crescimento da área de serviços. O número trouxe alta de 1,14% no mês. Portanto, a variação do índice foi de 0,12% em relação ao mesmo período do ano passado. Em 2020, o PIB recuou 4,10%.