Mercado reduz previsão de crescimento a 3%; e aposta em juros a 8,5%
Relatório do BC aponta que perspectiva para a inflação diminuiu, assim como a previsão de crescimento da economia brasileira em 2013
O mercado financeiro elevou, pela terceira semana consecutiva, sua previsão para taxa básica de juros da economia, a Selic, segundo pesquisa Focus divulgada nesta segunda-feira pelo Banco Central. Agora a expectativa é de que a taxa encerre o ano em 8,5% – no levantamento anterior, os economistas ouvidos pelo BC projetavam a Selic em 8,25%. Atualmente, a taxa está na mínima histórica de 7,25%.
A perspectiva é corroborada pelos discursos das autoridades financeiras do país, como o próprio presidente do BC, Alexandre Tombini, que afirmou na última sexta-feira que pode tomar novas medidas para conter a inflação. Segundo ele, a alta de preços é preocupante e causa distorções na economia. Além disso, Tombini afirmou que as mudanças nos ciclos monetários não acabaram, o que alimenta as estimativas de que novos aumentos da Selic devem vir nas próximas reuniões do Comitê de Política Monetária (Copom).
Tombini falou na sequência da divulgação, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), do índice IPCA-15, considerado uma prévia da inflação. No mês de março o indicador subiu 0,49% ante fevereiro – uma desaceleração, em vista dos 0,68% de aumento mensal registrados em fevereiro ante janeiro. O índice, contudo, registrou 2,06% de alta acumulada no ano, bem acima dos 1,44% registrados no primeiro trimestre do ano passado. Assim, o IPCA-15 avançou 6,43% em 12 meses e encosta no teto da meta do BC, de 6,5%. O centro da meta estabelecida para inflação no país é de 4,5%. Em fevereiro, o IPCA do mês cheio já havia chegado próximo ao teto, ao acumular 6,31% em 12 meses.
Com isso, os analistas ouvidos pelo BC também reduziram sua perspectiva para a inflação no ano e para o crescimento da economia. No caso do Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), o mercado aguarda alta de 5,71% em 2013, ante 5,73% na semana passada, refletindo que o aumento da Selic vai reprimir um pouco o consumo e resultar na queda dos preços.
Contudo, a diminuição dos gastos dos consumidores prejudica a atividade econômica e, assim, os economistas ouvidos para o relatório Focus apostam agora em alta de 3% do Produto Interno Bruto (PIB) em 2013 e não mais 3,03%, como na semana passada. Para 2014, a expectativa para a inflação e para o crescimento econômico estão em 5,6% (ante 5,54% da semana anterior) e 3,5% (inalterado), respectivamente.
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