Mercado racha em apostas para o Copom desta 4ª feira
Economistas estão divididos entre manutenção e redução da Selic para 7,25%; efeito da crise sobre o país é o fator que pode abrir espaço para juro menor
O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) pode anunciar nesta quarta-feira mais um corte na taxa básica de juros (Selic), que já caiu de 12,5% para 7,5% desde agosto do ano passado. As apostas dos economistas estão divididas entre a manutenção e uma redução da taxa para 7,25% ao ano. Outra dúvida do mercado é se o BC vai sinalizar a possibilidade de outra diminuição no último encontro de 2012 do Copom, marcado para o final de novembro.
No mercado de juros, as taxas negociadas já consideram um corte de 0,25 ponto porcentual. Também mostram que não se descarta a possibilidade de a Selic chegar a 7% antes do Natal.
Quando cortou os juros pela última vez, em 0,50 ponto porcentual, a ata do Copom sinalizou que uma nova queda, se possível, seria feita com “máxima parcimônia”. Esta afirmação levou parte do mercado a projetar uma redução de 0,25 ponto para a reunião que se encerra na noite desta quarta-feira.
Essa aposta ganhou força semana passada, quando o diretor de Assuntos Internacionais do BC, Luiz Awazu Pereira, destacou a persistência de um quadro de crescimento “medíocre” na economia mundial “por um período mais prolongado do que originalmente se antecipava”. Awazu, que havia feito comentários pessimistas sobre a crise exatamente na véspera do primeiro corte de juros de 2011, afirmou ainda que é importante “calibrar o ponto mais favorável” para que o crescimento do Brasil continue a acelerar sem riscos para a inflação.
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Mercado dividido – Pesquisa realizada pelo serviço AE Projeções, da Agência Estado, mostrou que 42 de 80 economistas consultados esperam manutenção da Selic e 38 preveem redução de 0,25 ponto. Uma semana antes, apenas 24 esperavam corte. Quatro economistas esperam ainda um novo corte de juros em novembro. Bradesco e Itaú Unibanco projetam que os diretores do BC vão reduzir a Selic nesta quarta-feira, para 7,25%, e encerrar o ciclo de cortes. O Santander e as consultorias LCA e Tendências estão entre os que esperam manutenção dos juros em 7,5%.
Roberto Padovani, economista-chefe da Votorantim Corretora, afirma que há espaço para uma redução adicional da Selic na reunião do dia. “A avaliação do BC é que os riscos inflacionários estão relativamente controlados.” Em relação aos próximos passos da política monetária, o economista lembra que o Copom não tem trabalhado com um plano definido e que as decisões têm dependido dos indicadores econômicos recentes.
O economista Felipe Queiroz, da consultoria Austin Asis, diz que um possível corte nesta quarta deverá encerrar um ciclo de redução dos juros. “A economia já começa a apresentar reação no segundo semestre, o que deve ter reflexos positivos em 2013.” Em relação à inflação, ele diz que a pressão atual sobre os preços é passageira, provocada pelo choque nos preços dos alimentos. Acrescenta que a demanda externa deve continuar reprimida e vai contribuir para segurar os índices de preços também no Brasil. “O BC não está avaliando a inflação como o principal problema para a economia brasileira e, sim, a atividade.”
(com Agência Estado)