Por Márcio Rodrigues
São Paulo – Os investidores em juros futuros optaram pela cautela nas operações no trecho curto da curva a termo, uma vez que aguardam a ata do Comitê de Política Monetária (Copom) de quinta-feira para definir suas apostas em relação aos próximos passos do BC. Por enquanto, os agentes precificam uma chance maior de a Selic ser reduzida em mais 0,5 ponto porcentual, para 8,5% ao ano. Nos vencimentos intermediários e longos de juros, contudo, prevalece o sinal de baixa, uma vez que possíveis alterações no rendimento da caderneta de poupança, por enquanto apenas no campo da especulação, abririam espaço para que o piso das taxas de juros no Brasil pudesse ser menor.
Assim, ao término da negociação normal na BM&F, o DI para janeiro de 2013 (345.035 contratos) indicava 8,40%, ante 8,39% no ajuste de ontem. A taxa do contrato para janeiro de 2014 recuava a 8,83%, de 8,86% no ajuste, com giro de 280.945 contratos. Nos longos, o DI janeiro de 2017 (58.935 contratos) recuava a 9,97%, de 10,06% na véspera, enquanto o DI janeiro de 2021 (8.680 contratos) cedia a 10,51%, de 10,62% no ajuste.
A melhora do ambiente externo e alguns indicadores domésticos poderiam até sugerir um acúmulo de prêmios nos contratos de juros, mas as expectativas em relação à condução da política monetária limitam, por enquanto, qualquer movimento de alta. Hoje, por exemplo, o Banco Central informou que o estoque de crédito em março teve avanço de 1,7%. Além disso, esse movimento tem continuidade em abril, de alta de 1,6% até o dia 12.
Mas os rumores sobre alterações na poupança seguem fazendo preço nos negócios. Nesta manhã, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, alterou sua agenda para um encontro com a presidente Dilma Rousseff. Ontem, em resposta a uma questão sobre a poupança, a presidente respondeu: “Veremos, veremos. Cada dia com sua agonia”. Ao entrar para o encontro, Mantega evitou responder perguntas sobre possíveis mudanças na rentabilidade da caderneta. Apenas recomendou que os aplicadores deveriam ficar tranquilos.
“Pela primeira vez uma fonte oficial do governo não negou, pura e simplesmente, uma mudança na poupança”, comentou o gerente de renda fixa da Lerosa Investimentos, Carlos Fernando Vieira, em referência às declarações da presidente Dilma ontem.
Em relação à ata, o mercado quer ver o que o BC dirá no parágrafo 35 do documento. No texto do encontro anterior do Copom, esse parágrafo informava que “considerando os valores projetados para a inflação e o balanço de riscos associado, o Copom atribui elevada probabilidade à concretização de um cenário que contempla a taxa Selic se deslocando para patamares ligeiramente acima dos mínimos históricos, e nesses patamares se estabilizando”. Como a Selic já está em 9% ao ano, ante o piso histórico de 8,75%, tudo indicava que a taxa atual seria mantida por algum tempo. Caso tenha mudado de opinião, o parágrafo também deve ser alterado, com uma possível justificativa.
Lá fora, as notícias foram mistas, mas o fato de o presidente do Fed, Ben Bernanke, ter reiterado que uma terceira rodada de relaxamento quantitativo (QE3, na sigla em inglês) não está fora da mesa de negociação, impulsionou os mercado.