Mantega já admite que alta do dólar pode impactar preços
Para tentar minimizar a repercussão da desvalorização cambial junto ao empresariado, ministro compara desempenho das reservas brasileiras com a de outros emergentes
O ministro da Fazenda, Guido Mantega, admitiu que a alta do dólar poderá ter impacto sobre os preços caso o quadro de desvalorização cambial se intensifique. Ele qualificou como uma “minicrise” o movimento de fluxo de capitais de nações emergentes para os Estados Unidos, culminando com a desvalorização de inúmeras moedas de países emergentes. “A elevação do câmbio pode trazer problemas para todo mundo”, destacou Mantega. Desde 26 de abril, o real registra uma depreciação nominal próxima de 20%.
Mantega, que participou de encontro com empresários nesta segunda-feira, em São Paulo, também voltou a usar a comparação com o exterior para minimizar a preocupação com a desvalorização do real. O ministro repetiu discurso manjado: o de que, embora o real esteja entre as moedas que mais se depreciaram recentemente, o Brasil “não perdeu nenhum tostão” das reservas internacionais. “Temos mais reservas e menos dívida pública do que em 2008”, destacou. De acordo com o ministro, os países emergentes já perderam cerca de 150 bilhões de dólares em reservas cambiais.
Apesar do aumento do déficit em conta corrente, que foi recorde em julho, nada pareceu abalar o otimismo do ministro. “No Brasil, não está ocorrendo saída de capitais. Melhoramos a conta financeira, que de janeiro a julho de 2013 somou 58,9 bilhões de dólares”, afirmou. “Essa conta financeira vai ajudar a fechar as contas correntes do ano”, disse, ressaltando que a estimativa é de um déficit de transações correntes de 75 bilhões de dólares para este ano, enquanto a conta financeira seria de 83 bilhões de dólares.
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Crise – Guido Mantega fez ainda uma avaliação positiva sobre a economia da Europa neste segundo semestre e disse que essa melhora ajudará os emergentes. “Estamos vendo uma luz no fim do túnel para a economia europeia”, disse.
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Confiança na economia cai ao nível da crise de 2009
O ministro afirmou que o mundo ainda não conseguiu superar a crise de 2008, embora ela esteja no fim. O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulga na próxima sexta-feira o resultado do PIB entre abril e junho deste ano. “A pesquisa Focus (do Banco Central) indica que a expansão será de 0,8%”, disse Mantega, que apontou que, no primeiro semestre, a expansão da economia mundial também “não foi grande coisa”.
Como de costume, Mantega voltou a dizer que o baixo crescimento do país não é caso isolado ao afirmar que a grande maioria dos países cresce menos do que pode, o que acontece também com os Estados Unidos e a China.
(com Estadão Conteúdo)