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Ibovespa: promessa de compromisso fiscal arrefece queda em dia volátil

Próximo ao fechamento do mercado, Arthur Lira, presidente da Câmara, tuitou sobre compromisso fiscal e fez índice subir 2 mil pontos

Por Luisa Purchio Atualizado em 5 mar 2021, 11h11 - Publicado em 3 mar 2021, 19h15

Com a iminência da aprovação da PEC Emergencial, que autoriza a reedição do auxílio emergencial, o mercado brasileiro passou o dia num compasso de espera e pessimismo, após o anúncio de dados do PIB e o aumento no número de casos de coronavírus. O que se encaminhava para um dia de forte queda, virou, com uma sinalização vinda do Congresso, com o ajuste fiscal. O Ibovespa encerrou em queda de 0,32%, a 111.183,95 pontos. O índice estava em 107,7 mil pontos até o fim da tarde, mas diminuiu as perdas após o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), postar em seu Twitter que “são infundadas todas as especulações sobre furar o teto [de gastos].” Ou seja, a declaração de Lira fez o índice subir 2 mil pontos em menos de 30 minutos.

A manifestação do presidente da casa tranquilizou os investidores sobre seu maior temor: o aumento do risco fiscal do país. A PEC do Auxílio Emergencial está sendo discutida no Congresso e a maior preocupação é que haja desidratação em relação às compensações, fundamentais para impedir mais aumento no déficit fiscal. A PEC prevê alguns gatilhos a serem acionados em caso de crise, que promovem aperto nas contas públicas. Contrapartida para que o auxílio seja reeditado, ela perdeu diversos pontos importantes que garantiriam economia de despesas, enquanto cria um novo gasto com a volta do auxílio emergencial. Segundo o relator do projeto, Marcio Bittar (MDB-AC), o custo do benefício pode chegar em 44 bilhões de reais neste ano, gastos estes que ficarão fora do teto de gastos.

PEC Emergencial à parte, alguns papéis da Bolsa tiveram forte movimentação por motivos particulares. Entre as ações de maior queda, estão os papeis da Petrobras, de -4,29% para PETR3 e -3,4% para PETR4. As ações da empresa já iniciaram o pregão em baixa após as notícias na noite de ontem de que quatro integrantes do Conselho decidiram deixar seus cargos após a saída do presidente Castello Branco. Desde a demissão feita pelo presidente Jair Bolsonaro, os papeis da principal empresa brasileira já se desvalorizaram 22,4%.

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As notícias sobre a alta nos casos de Covid-19 no país e novas medidas de restrição também desincentivaram a venda de papeis. Na tarde desta quarta-feira, o governador de São Paulo, João Doria (PSDB), anunciou que a partir de sábado o estado volta à fase vermelha, e ela valerá a partir das 20h. A agência de viagens CVC esteve entre as mais impactadas e fechou em queda de 4,53%.

O dólar comercial, por sua vez, fechou praticamente no zero a zero, em alta de apenas 0,05%, a 5,6659 reais. O Banco Central realizou leilões de swap de 20 mil contratos, mas o que mais segurou a alta da cotação foi o tweet de Lira. Às 16h30, o dólar batia 5,756 reais.

“A volatilidade vai continuar ao longo da semana, principalmente diante dessas preocupações em relação ao lado fiscal e ao desdobramento do crescimento do Covid no Brasil”, diz Rafael Panonko, analista-chefe da Toro Investimentos. “Isso faz com que a economia, que vinha se recuperando a passos lentos, tenha um retrocesso e passe a se desacelerar”, diz ele, que vê tendência de queda no Ibovespa para os próximos dias.

 

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