Assine VEJA por R$2,00/semana
Continua após publicidade

Guerra pressiona inflação e afeta alimentos e combustíveis por aqui

A eclosão de um conflito bélico entre Rússia e Ucrânia acarreta na elevação do preço das commodities, pressionando ainda mais a inflação

Por Luana Zanobia Atualizado em 7 mar 2022, 10h35 - Publicado em 4 mar 2022, 12h41

A economia brasileira cresceu 4,6% em 2021, uma surpresa positiva, embora o resultado ainda seja considerado ‘fraco’ pelos economistas tendo como base a baixa margem de comparação de 2020, ano que desbalanceou as economias mundiais com a eclosão da pandemia. Apesar dos percalços, a economia se mostrou resiliente, mas pode enfrentar sérios desafios para 2022 com a evolução da guerra no Leste Europeu.

O cenário indica um ano difícil, com a economia brasileira podendo registrar um desempenho negativo ou até mesmo estagnar com os desafios internos e externos que surgem no radar. As eleições e os riscos fiscais continuam a ser um ponto de preocupação, mas a eclosão de uma guerra entre Rússia e Ucrânia adiciona ainda mais incertezas e perigos para o crescimento da economia. A evolução do conflito deve acarretar na elevação do preço das commodities, pressionando ainda mais a inflação. Vale lembrar que o país vem de um estouro de meta, com o índice de preços a dois dígitos e, como efeito, a taxa básica de juros (Selic).

A guerra pode ter um efeito devastador para as economias globais que ainda estão se recuperando dos desequilíbrios causados pela pandemia. Uma das principais preocupações dos economistas é o efeito detonador na inflação. O ataque tem potencial de gerar aumentos vertiginosos nos preços das commodities e dos alimentos. O preço do barril do petróleo já ultrapassou o patamar de 100 dólares/barril. Os combustíveis foram considerados os vilões da inflação brasileira e sofreram 16 reajustes nos preços ao longo de 2021. Apesar do estouro no preço do barril, a Petrobras realizou o primeiro e único reajuste do ano em janeiro, elevando o valor da gasolina para 4,8% e o do diesel para 8%. Especialistas do setor já dizem que os preços estão defasados, mas até o momento a Petrobras não deu novas sinalizações de reajuste. A elevação no preço também vai depender agora do comportamento do câmbio. Na quinta-feira, 3, o dólar encerrou o dia com queda de 1,55%, cotado a 5,028 reais, um alívio para os produtos que seguem a cotação internacional, como os combustíveis.

O preço dos alimentos é outro ponto de preocupação. A guerra pode gerar desequilíbrios no fornecimento de trigo da Rússia, a maior produtora mundial do grão, e da Ucrânia, grande produtora de trigo e milho. Por isso, o pãozinho e até mesmo as carnes de aves e os ovos, que são dependentes do milho para a composição das rações animais, podem ficar mais caros. “A inflação enfrenta um cenário bem difícil de desaceleração”, diz Patrícia Krause, economista-chefe da Coface para a América Latina. A expectativa do mercado é de uma inflação de 4,77% ao final do ano, mas o conflito no Leste Europeu gera incertezas no comportamento dos preços ao longo do ano.

Continua após a publicidade

A dependência do Brasil dos adubos e fertilizantes russos também contamina as perspectivas inflacionárias. Cerca de 62% dos adubos e fertilizantes utilizados na agricultura brasileira são de origem da Rússia e os preços já subiram, em média, 300% em um ano, segundo a Consultoria Agro do Itaú BBA. A agropecuária é considerada um setor importante na composição do Produto Interno Bruto (PIB), mas registrou um recuou 0,2% no resultado de 2021 em decorrência dos prejuízos causados pelos fatores climáticos. Agora, deve enfrentar os desafios para garantir o fluxo de produtos, e a escalada de preços.

Com novos riscos inflacionários adicionados no cenário, o mercado estima que o Banco Central vai continuar com sua política contracionista de aumento de juros. “O risco para o Brasil é a inflação demorar mais tempo a ceder, provocando taxas de juros mais altas ou a manutenção dela em um patamar elevado por um período de tempo maior que o esperado”, diz Gustavo Cruz, estrategista da RB Investimentos. A alta dos juros encarece o crédito e os investimentos, impactando no crescimento do país. Apesar de ser danoso ao PIB, é uma das poucas alternativas dos Bancos Centrais para conter a inflação. O Boletim Focus projeta um crescimento de 0,3% para este ano.

Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Domine o fato. Confie na fonte.

10 grandes marcas em uma única assinatura digital

MELHOR
OFERTA

Digital Completo
Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 2,00/semana*

ou
Impressa + Digital
Impressa + Digital

Receba Veja impressa e tenha acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 39,90/mês

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$96, equivalente a R$2 por semana.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.