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Grécia vê como catastrófica possível saída do país da moeda única

Por Por Eve Szeftel
27 dez 2011, 14h41

Dez anos depois de sua adesão à Eurozona, a Grécia está arruinada e sofre com a concorrência direta dos Bálcãs e da Turquia. Ainda assim, a maioria dos gregos rejeita o retorno ao dracma e vê a continuidade do euro como a única saída para a crise.

Os dirigentes políticos avisam e as pesquisas confirmam: os gregos querem ficar na Eurozona. “Nossa posição na Europa não é negociável”, afirmou há pouco tempo o primeiro-ministro Lucas Papademos.

“A Grécia é e continuará sendo uma parte da Europa unida e do euro”, acrescentou o ex-governador do Banco da Grécia e vice-presidente do Banco Central Europeu (BCE) na época em que o euro foi adotado.

O apoio à moeda europeia – até 80% segundo as pesquisas – não diminuiu apesar dos sacrifícios impostos há dois anos pelos credores da Eurozona, que colocaram o país em uma profunda recessão e fizeram surgir o desemprego (que atinge quase um em cada dois jovens).

A hipótese da saída da Eurozona já não é um tabu. A revista britânica The Economist, que tem previsto a quebra da Grécia, organizou pouco tempo atrás uma conferência sobre essa questão em Atenas.

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O ex-presidente francês, Valéry Giscard D’Estaing, muito querido no país helênico por ter ajudado a Grécia a aderir à Comunidade Europeia, qualificou de “grave erro” a decisão de introduzir a Grécia à moeda única e criticou duramente a “gestão demagógica” dos governos gregos.

“No início da dívida está o fato de que os dirigentes gregos sempre confundiram a noção de crédito com a de renda”, garante o historiador Nicolas Bludanis. Pertencer à moeda única permitiu ao país pedir dinheiro emprestado a baixo custo e à classe política, reforçar sua base eleitoral contratando muitos funcionários, denuncia.

Além disso, a Grécia não usou os fundos europeus que foram concedidos nos anos 1980 para “desenvolver seu sistema produtivo e melhorar a produtividade de sua indústria”, destaca Savvas Robolis, professor de economia da Universidade Panteion de Atenas.

“A viabilidade de um milhão de empresas não pode depender de 3,7 milhões de lares gregos: temos que exportar”, enfatiza este docente próximo aos sindicatos, que teme que um retorno ao dracma leve o país a um “subdesenvolvimento”.

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Mas a tendência atual leva ao deslocamento de investimentos para países de fora da Eurozona, como a Bulgária, cujo sistema fiscal oferece mais vantagens e os custos de produção são mais baixos.

Um dos poucos a pedir a saída do euro, na extrema esquerda, é Costas Lapavitsas, professor de economia na Escola de Estudos Orientais e Africanos na Universidade de Londres, que estima que o euro é um problema, que permitiu que países do centro, como a Alemanha, enriqueça às custas da periferia.

Para Lapavitsas, a Grécia não tem outra opção além de quebrar e sair do euro, impondo um controle sobre os capitais. E os que predizem o apocalipse, encorajando a queda do sistema financeiro, uma desvalorização do patrimônio das poupanças, uma hiperinflação e uma fuga massiva de capital, lembram os terríveis custos que tem levado a sociedade grega a aplicar medidas de austeridade.

O economista Yannis Varufakis, também da esquerda, da Universidade de Atenas, acredita, ao contrário, que sair do euro é pior que ficar, porque a inevitável depreciação do dracma conduziria à perda “massiva do poder” dos mais pobres, cujas receitas e poupanças não valeriam nada, até aos mais ricos que salvarão seus euros.

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