A construção da Usina de Angra 3, projeto engavetado há 35 anos, vai começar a sair do papel ainda no governo Lula. Ontem, a Eletronuclear obteve da Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN) a licença de construção, que permite o início das obras do prédio do reator. A previsão para a operação da usina, porém, é entre 2015 e início de 2016. “Esse é o marco zero do projeto”, afirmou o presidente da CNEN, Odair Dias Gonçalves.
O projeto de Angra 3 foi elaborado durante a assinatura do acordo nuclear Brasil-Alemanha. Na época, o governo brasileiro comprou equipamentos para construir as usinas de Angra 2 e Angra 3. Os materiais, que chegaram ao Brasil ainda na década de 70, continuam armazenados. Em 1984, a Eletronuclear chegou a retomar o projeto de Angra 3, mas as obras de preparação do terreno foram interrompidas dois anos depois.
Para Gonçalves, o fato de as duas usinas terem projetos semelhantes acelerou o trabalho de licenciamento. Além disso, permitiu redução significativa nos custos, que ficaram em torno de 20% do valor do licenciamento de nova usina nuclear, que gira em torno de US$ 100 milhões.
A licença foi liberada pela CNEN com 30 condicionantes. A maior parte são adaptações que permitam ao projeto de Angra 3 segurança semelhante ou maior do que a de Angra 2. Um exemplo é a exigência de maior detalhamento sobre sísmica, em razão do recente abalo no Chile, sentido no litoral de São Paulo. O superintendente de Gerenciamento de Empreendimentos da Eletronuclear, Luiz Manuel Messias, espera iniciar até o fim desta semana a concretagem do prédio onde será instalado o reator.
Segundo Messias, à medida que as exigências forem cumpridas pela Eletronuclear, a CNEN concede outras autorizações para a execução das obras da usina, que terá 1,4 mil megawatts (MW) de potência. “A partir de agora, não existe nenhum impedimento legal às obras do projeto”, comemorou.
(Com Agência Estado)