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Governo argentino expulsa diretores e já ocupa a YPF

Ministro do Planejamento assume comando da petrolífera. Em 1999, Néstor Kirchner era entusiasta da privatização

Por Da Redação
16 abr 2012, 17h35

Em uma investida arbitrária digna de Hugo Chávez, na tarde desta segunda-feira, o governo argentino tomou o controle da YPF, subsidiária da espanhola Repsol na exploração de petróleo no país. Horas antes, a presidente da Argentina, Cristina Kirchner, veio a público anunciar a proposta de desapropriação da companhia espanhola em favor do governo local.

É interessante lembrar que quando a privatização da YPF foi concluída, durante o apagar das luzes do governo de Carlos Menem, em 1999, o governador da província de Santa Cruz era Néstor Kirchner.

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Kirchner, que em 2003 assumiria a presidência, era entusiasta da privatização. O então governador de Santa Cruz sabia que a província seria uma das beneficiadas com o aumento dos valores recebidos como royalties.

A privatização foi muito criticada, alvo de investigações envolvendo altos funcionários do governo Menem e apontada como um erro estratégico, pois a Argentina estava abrindo mão do controle de exploração de suas reservas petrolíferas.

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O ciclo se fecha 13 anos depois, com a esposa de Nestor Kirchner na presidência, retomando a empresa com uma canetada autoritária. O ato de Cristina vem momentos depois de novas descobertas de reservas no território argentino.

Na província de Mendoza, a YPF anunciou em março a descoberta de dois poços de óleo de xisto e um de petróleo. Outra descoberta na Patagônia revelou reservas gigantescas de petróleo, com potencial de 23 bilhões de barris, quase metade do pré-sal brasileiro. As novas reservas poderiam, ao menos, dobrar a produção da empresa.

Canetada – O texto enviado pela presidente propõe que 51% das operações da Repsol na Argentina sejam estatizadas. Atualmente, a companhia espanhola possui 57,23% das ações da YPF. Pelo projeto, a empresa seria dividida da seguinte forma: 51% serão controlados pelo governo, sendo 26,01% da União e 24,99% pertencentes às províncias produtoras de petróleo. Com isso, a participação da Repsol na YPF seria reduzida para 6,43%.

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O restante da YPF seria mantido na configuração atual, com 25,46% pertence ao grupo privado argentino Petersen e 16,3% aos minoritários, em ações negociadas em bolsa.

Segundo o jornal Clarín, ainda que a proposta não tenha passado pelo congresso, o governo já expulsou a diretoria da sede – tanto os argentinos quanto os espanhóis. Citando informações da EFE, o jornal afirma que o secretário do Ministério do Planejamento do país, Roberto Baratta, que até hoje era o único representante do estado na diretoria, chegou à sede da empresa, no bairro portenho de Puerto Madero, com uma lista de executivos que deveriam renunciar.

Segundo o jornal espanhol El País, entre os primeiros a sair estava o diretor espanhol Antonio Gomis. Baratta também ordenou que todo o sistema de segurança do edifício fosse mudado. Pouco tempo depois, ainda segundo o El País, o ministro do Planejamento, Julio De Vido, chegou à sede da empresa e assumiu formalmente a operação da petroleira. Cristina Kirchner pediu que De Vido comande a empresa inicialmente.

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Mercado financeiro – Investidores reagiram mal à intervenção argentina na YPF. As ações da empresa caíram 11% na Bolsa de Nova York. Após a brusca queda, a negociação dos papéis foi suspensa.

Na Bolsa de Buenos Aires, a negociação das ações da YPF também foi suspensa. Anteriormente, as ações caíam 2,5% no índice Merval, o mais importante da Argentina.

Histórico – Comprada em 1999 pela Repsol, a YPF foi a grande aposta da empresa espanhola para alavancar seu processo de internacionalização. À época, a Repsol pagou 13,4 bilhões de euros pela YPF.

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Hoje a YPF é responsável por metade da produção de petróleo da Repsol (530.000 barris por dia), possui pouco menos da metade de suas reservas totais (cerca de 1 bilhão de barris de um total de 2,1 bilhões) e contribui com um terço do lucro bruto (1,23 bilhão de euros).

Segundo dados do El País, a YPF já investiu 11 bilhões de euros na Argentina e triplicou a quantidade de dividendos pagos pela empresa.

Hoje, a composição acionária da YPF está distribuída da seguinte maneira: 58,23% da Repsol, 25,46% do Grupo Petersen, 16,3% de capital flutuante na Bolsa e apenas 0,01% do governo argentino.

(Com agência EFE)

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