Por Márcio Rodrigues
São Paulo – O alívio trazido pela aprovação do pacote de austeridade na Grécia durou pouco. A agência de classificação de risco Moody’s rebaixou ontem à noite uma série de países europeus, recolocando a aversão ao risco nos negócios. Além disso, o crescimento aquém do esperado das vendas do varejo nos EUA (+0,4%, ante projeção de +0,8%) minou a esperança de uma recuperação mais pujante da economia daquele país. Essas informações ajudaram a tirar prêmios das taxas futuras de juros, que ainda recebem respaldo de algumas discussões internas. A mudança na remuneração da poupança, aparentemente, está fora dos planos do governo em ano eleitoral, brecando uma Selic menor. Além disso, desde que o Banco Central alterou o cronograma de remuneração dos depósitos a prazo e justificou sua decisão com o risco menor de uma crise de crédito externa, os juros futuros longos vêm devolvendo prêmios.
Assim, ao término da negociação normal na BM&F, o DI janeiro de 2013 (338.320 contratos) estava em 9,31%, de 9,33% no ajuste, enquanto o DI janeiro de 2014 (352.265 contratos) indicava 9,67%, de 9,70% na véspera. Entre os longos, o DI janeiro de 2017 (72.875 contratos) cedia para 10,65%, de 10,73% ontem, e o DI janeiro de 2021 (7.645 contratos) recuava para 11,07%, de 11,20% no ajuste.
Os investidores contrabalançaram dados internos e externos. A abertura dos negócios já ocorreu com a notícia de que a Moody’s rebaixou de estável para negativa a perspectiva dos ratings soberanos de França, Reino Unido e Áustria, mas manteve a nota AAA atribuída aos três países. Outros seis países foram rebaixados (Itália, Portugal, Espanha, Eslovênia, Eslováquia e Malta).
Por aqui, as vendas varejistas ficaram levemente acima da mediana das expectativas encontrada pelo AE Projeções, que era de estabilidade. Segundo o IBGE, as vendas do varejo restrito cresceram 0,3% em dezembro ante novembro do ano passado, na série com ajuste sazonal. No varejo ampliado, que inclui as atividades de veículos e motos, partes e peças e material de construção, houve alta de 1,6% em dezembro contra novembro, acima do teto das previsões 1,20%.
Por fim, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, negou estudos que poderiam permitir a redução ainda maior da Selic. Conforme apurou ontem a repórter Adriana Fernandes, da Agência Estado, o governo teria estudos sobre a elevação do Imposto de Renda de aplicações de renda fixa. No início da tarde, porém, Mantega disse que o governo “não tem nenhum estudo para aumentar Imposto de Renda. Só pensamos em reduzir imposto”. O ministro teve almoço, hoje, com a ministra do Planejamento, Miriam Belchior, para discutir os cortes no orçamento deste ano, que devem ser anunciados até sexta-feira.