Por Daniela Amorim
Rio – Embora os consumidores estejam menos otimistas em relação à situação da economia e do emprego, a expectativa para compra de bens duráveis aumentou na passagem de maio para abril. Segundo a sondagem Índice de Confiança do Consumidor, divulgada nesta segunda-feira pela Fundação Getúlio Vargas (FGV), houve um aumento de 2,4% na expectativa de compra de bens duráveis em junho ante maio, passando de 90,0 pontos para 92,2 pontos. Na comparação com junho de 2011, o humor do consumidor para bens duráveis também melhorou (7,7%).
“A expectativa de compra para duráveis aumentou. Parece que as medidas tomadas pelo governo ajudaram a melhorar a expectativa de consumo das famílias”, afirmou Viviane Seda Bittencourt, economista do Instituto Brasileiro de Economia (Ibre/FGV).
A fatia de consumidores que declararam expectativas maiores para a compra de bens duráveis passou de 18,7% em maio para 18,8% em junho. Além disso, a parcela que demonstrou expectativas menores diminuiu de 28,7% para 26,6%. “Os consumidores estão dizendo que vão comprar a mesma coisa que no passado”, explicou Viviane. “É uma posição cautelosa. Não está dizendo que vai gastar mais, ele vai gastar a mesma coisa.”
A pesquisadora chamou atenção ainda para a maior cautela em relação às expectativas para as finanças familiares. Houve recuo de 1,4% em junho ante maio nesse quesito, embora ainda esteja em patamar elevado: 4,5% acima de junho de 2011. “Ainda existe certa cautela do consumidor em relação ao futuro quando fala de emprego. Então esse consumo não é tão forte quanto em 2010. Hoje tem nível de emprego e renda maiores do que antes, mas mesmo assim não estão consumindo tanto quanto em 2010. O consumidor ainda está num processo de tirar um pouco do peso das dívidas, o que provavelmente vai acontecer com a queda dos juros”, avaliou Viviane.
A fatia dos consumidores que acreditam em uma melhora da situação financeira da família nos próximos meses passou de 42,5% em maio para 41,1% em junho. Já a parcela dos que espera piora aumentou de 3,8% para 4,3% no período. A percepção do consumidor sobre a economia local nos próximos meses também se deteriorou, com um recuo de 5,9% ante maio. Na comparação com junho de 2011 ainda há melhora, de 10,5%.
“Tem a ver (esse cenário) com a mídia, porque tem se falado muito na desaceleração da economia, o quanto o País deveria crescer, que vai ser muito difícil chegar a 2,5%. Isso tem influência, assim como a situação na Europa”, afirmou a economista. “O consumidor enxerga que a situação da economia local vai piorar nos próximos meses, mas não tanto assim.”