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Ex-presidente da Braskem é preso nos EUA por corrupção

José Carlos Grubisich foi preso nesta quarta, em Nova York, por participar de um esquema com a Braskem e a Odebrecht para desviar 250 milhões de dólares

Por Machado da Costa Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 20 nov 2019, 21h01 - Publicado em 20 nov 2019, 16h16

José Carlos Grubisich, ex-presidente da Braskem, foi preso nesta quarta-feira, 20, em Nova York, nos Estados Unidos, sob a acusação de corrupção. Ele também foi acusado de conspiração por violar uma lei de corrupção estrangeira dos EUA e por conspiração para lavagem de dinheiro. A informação foi publicada primeiramente pela agência Reuters e, posteriormente, confirmada por VEJA. Ele é acusado de participar, enquanto presidente da petroquímica, de um esquema fraudulento para desviar 250 milhões de dólares para um fundo secreto. O caso é um desdobramento internacional da operação Lava Jato.

O executivo foi preso no aeroporto John F. Kennedy, em Nova York, e deve comparecer ao tribunal no fim do dia, segundo John Marzulli, porta-voz do gabinete do procurador dos EUA, Richard Donoghue. O advogado de Grubisich, Daniel Stein, da empresa Mayer Brown, não pode ser encontrado imediatamente para comentar.

Grubisich foi presidente da Braskem, empresa que tem como sócios a Petrobras e a Odebrecht, entre 2001 e 2008. Depois, assumiu o comando da ETH Bioenergia, onde ficou até 2012. Por fim, presidiu a Eldorado, empresa de papel e celulose do grupo J&F, dos irmãos Batista. Trabalhou na empresa até 2017, quando o grupo fechou negócio para vender a Eldorado à indonésia Paper Excellence. O negócio não foi para frente e está sendo discutido na Justiça.

O executivo, figura comum em eventos do setor petroquímico durante os anos 2000, submergiu após deixar o comando da Eldorado. Recentemente ele entrou na Justiça contra a Odebrecht. Grubisich cobra uma dívida de 28 milhões de reais do conglomerado devido à sua atuação à frente da Braskem. O processo ainda está nos estágios iniciais.

Em nota, o advogado de Grubisich, Alberto Zacharias Toron, diz estranhar a prisão de seu cliente. “O empresário José Carlos Grubisich, em viagem aos Estados Unidos hoje com sua esposa, foi surpreendido com uma ordem de prisão emanada da Corte Federal do Brooklyn (Nova York). Ele já constituiu advogado para acompanhar o processo nos Estados Unidos e sua prisão, similar à nossa preventiva, decorre do fato de ser estrangeiro, o que causa estranheza, já que ele não responde no Brasil pelos fatos que lhe são imputados pela corte americana”.

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Entenda o caso

Grubisich foi acusado pelo tribunal federal do Brooklyn de conspiração para violar uma lei de corrupção estrangeira dos EUA e por conspiração para lavagem de dinheiro. Na acusação, os promotores disseram que Grubisich e outros funcionários da Braskem e da Odebrecht participaram de uma conspiração para desviar cerca de 250 milhões de dólares para um fundo secreto, que foi usado em parte para subornar funcionários. O esquema teria ocorrido entre 2002 e 2014, de acordo com o indiciamento.

Como presidente da Braskem, Grubisich teria ajudado a encobrir o esquema, falsificando os livros da empresa e assinando certificações falsas à reguladora do mercado de capitais nos EUA, SEC, disseram os promotores. Os promotores disseram ainda, no processo judicial, que Grubisich não deveria ser libertado sob fiança porque ele apresenta alto risco de fugir dos EUA.

Braskem e Odebrecht concordaram em 2016 em pagar um total combinado de 3,5 bilhões de dólares em um acordo com autoridades dos EUA, Brasil e Suíça para resolverem as acusações de suborno. O Departamento de Justiça dos EUA disse na época que cerca de 2,6 bilhões de dólares viriam da Odebrecht e 957 milhões de dólares da Braskem, e que a maior parte do dinheiro seria destinado ao Brasil.

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Tanto a Braskem quanto a Odebrecht se declararam culpadas de acusações criminais norte-americanas como parte do acordo, que emergiu da operação Lava Jato.

(Com Reuters)

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