Ex-executivo que vivia em aeroporto arruma emprego e casa
Vilmar afirma que recebe cerca de 700 mensagens por dia, inclusive de propostas de namoro
O ex-executivo Vilmar Mendonça, 58 anos, que passou os últimos anos vivendo de dia no aeroporto Santos Dumont e à noite nas ruas do Rio acaba de arrumar emprego. Desde ontem ele trabalha como gerente administrativo de dois restaurantes localizados em Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense.
A vida de Vilmar vai dar mais uma guinada. No sábado ele vai conhecer uma casa na região de Mesquita, que deve ser seu novo endereço residencial. Ele conseguiu tanto a moradia quanto o emprego depois que sua história veio à tona – foi entrevistado por jornais do Brasil e do exterior.
Formado em administração pela FMU, Vilmar ocupou cargos de gerência em diversas empresas, inclusive algumas multinacionais. Depois de perder o emprego em 2012, ele decidiu tentar a vida no Rio. Mas o emprego não veio e ele acabou nas ruas em janeiro de 2016.
Diferentemente de outros moradores de rua, ele passava o dia no saguão do Santos Dumont, sempre vestido com roupas sociais e utilizando o wi-fi do aeroporto para acessar a internet pelo notebook ou celular. À noite, sem seus equipamentos – que ficavam guardados com um funcionário do aeroporto – ele trocava de roupa e ia para as ruas.
Vilmar diz que não sente vergonha de ter passado por esse período nas ruas, pelo contrário. “Me sinto uma criança bonita que todo mundo quer adotar. Existem milhões de moradores de rua, mas por que tudo isso foi acontecer comigo? Mostrei dignidade, respeito, algo que muitos querem, mas acabam se escondendo na cachaça, droga. Já eu sempre me comportei bem, com unha feita, perfumado, um exemplo pra muita gente.”
Para não cair nas drogas e outros vícios, Vilmar diz que procurou se distanciar de outros moradores de rua.
O gerente administrativo conta que agora não precisa mais se preocupar com comida, pois suas refeições são feitas no restaurante em que trabalha. Ele também não vive mais na rua, conseguiu um quarto de pensão na Lapa, região central do Rio. “Um advogado pagou um mês de pensão para mim.”
Mas a casa em Mesquita será sua primeira moradia desde que foi para a rua. Vilmar não pagará aluguel nem as outras contas da casa. “Uma pessoa quer me ajudar e me ofereceu a casa para morar lá por um ano.”
Com tanto sucesso, Vilmar afirma que recebe mais de 700 mensagens diariamente entre e-mails e redes sociais. Diz que hoje não dá mais conta de responder a todas. Recebeu ofertas de dinheiro. “Prefiro não receber ajuda em dinheiro. Mas já aconteceu de não conseguir recusar para não parecer que era orgulho.”
Por enquanto, Vilmar afirma ter recebido só carinho e mensagens positivas. “Não sei o que transmiti de bom para as pessoas, mas não param de me ajudar, de me dar parabéns, de me dizerem que sou um guerreiro. Essa imensidão de carinho que recebi encheu meu ego.”
Entre tantas mensagens, Vilmar recebeu inclusive propostas de namoro. Foram três, segundo ele. “Sou divorciado, sem filho. Mas primeiro quero solucionar minha situação de vida e depois voltar ao mercado.”