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EUA cresce com desinflação, mas políticas de Trump ameaçam ‘pouso suave’

A economia americana avançou 2,8% no trimestre, com inflação dentro do esperado. Medidas do presidente eleito trazem incertezas sobre o rumo dos juros

Por Luana Zanobia 27 nov 2024, 17h24

A economia dos Estados Unidos segue demonstrando resiliência, com um mercado de trabalho aquecido e a inflação em queda. O crescimento do PIB de 2,8% no terceiro trimestre do ano, embora ligeiramente inferior ao trimestre anterior, aponta para um cenário de “pouso suave”, onde a desaceleração econômica ocorre de forma controlada, sem sinais de uma recessão iminente. No entanto, alguns alertas começam a aparecer no horizonte.

O índice de preços de gastos com consumo (PCE) nos Estados Unidos, a métrica de inflação preferida do Federal Reserve, registrou um aumento de 0,2% em outubro, mantendo-se estável em relação a setembro. Contudo, na comparação anual, o PCE acelerou, avançando de 2,1% em setembro para 2,3% em outubro, sinalizando que, embora a inflação esteja desacelerando, ainda persiste acima da meta de 2% estabelecida pelo banco central.

O núcleo do PCE, que exclui componentes voláteis como alimentos e energia, também apresentou uma alta de 0,3% no mês, em linha com o previsto pelos analistas. Na comparação anual, o núcleo subiu para 2,8%, ligeiramente acima dos 2,7% registrados no mês anterior. Esse cenário sugere que, embora os números estejam em linha com as expectativas do mercado, as pressões inflacionárias ainda são uma preocupação para o Fed, mantendo incertezas sobre os próximos passos da política monetária.

Embora o mercado financeiro continue apostando na possibilidade de mais cortes de juros à frente, de 0,25 ponto percentual em dezembro, o fato da inflação permanecer acima da meta adiciona incertezas ao cenário. O Federal Reserve poderá ser mais cauteloso ao flexibilizar sua política monetária, especialmente diante do impacto de políticas fiscais expansionistas e do protecionismo que o recém-eleito presidente Donald Trump pretende implementar.

“Os dados mantêm o cenário base de corte de juros, mas o impacto das políticas fiscais de Trump pode mudar as expectativas de inflação, especialmente se o aumento de gastos governamentais pressionar a capacidade ociosa da economia”, diz Sidney Lima, analista da Ouro Preto Investimentos.

Assim, o cenário de pouso suave ainda pode enfrentar turbulências, dependendo da condução das políticas fiscais no próximo ano. As decisões do Fed nos próximos meses dependerão de como esses fatores se desenrolam, mas por ora, o cenário ainda sugere um caminho em direção a um pouso suave. Resta agora esperar se Trump vai contribuir para esse pouso.

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